"Não é que eu esteja com medo de morrer. Eu só não queria estar lá quando isso acontecesse." ~ Woody Allen
...
Medo da Morte
Quanto mais conheço pessoas que têm medo da morte, mais me ensinam que existem medos diferentes.
Sim. Os medos da morte não são todos iguais.
Mas para mim, como terapeuta, há uma coisa importante que retiro como sendo uma verdade estratégica: é que o medo da morte não é um medo absoluto.
Isto parece significar pouco, ou ser nada importante.
Mas para quem trabalha a ajudar os outros a ajudarem-se é muito, muito importante. Porque se percebe que este medo é um medo subjectivo, relativo...
Ou seja, cada um de nós terá tão mais medo da morte conforme aquilo que pensar dela. Assim, se eu pensar que a morte é o fim de tudo, o fim das ligações a quem quero bem, o fim dos meus sonhos por concretizar, o abismo, o nada, um corpo que apodrece, etc... - essa visão poderá ser pouco tranquilizadora. Talvez mesmo apavorante.
Se, por outro lado, olhar para a morte como uma etapa natural do crescimento da minha alma, que as ligações de amor e de afecto são eternas, que a viagem continua... - olharei para ela de uma forma diferente.
Mas será então o meu medo uma questão de escolha?
Não querendo ser dogmático nem taxativo, ouso propor que sim.
No entanto, é uma escolha sobre a qual as pessoas pensam não ter controlo ou opção. Foram levadas, fomos levados, a acreditar em formatos fechados - observando-os como verdades absolutas.
E apesar de isso acontecer com a morte, não acontece só com a morte, mas com muito mais coisas-verdades supostamente absolutas.
Olhar para todas essas verdades absolutas, dando um passo atrás na nossa mente e observando melhor, ajudar-nos-á a perceber a matriz de opções infinitas que é este plano terreno em que vivemos, esta experiência que desfrutamos.
A visão da morte pode ser uma dessas verdades.
Valerá a pena olhar melhor para ela?
Não só valerá, como será fundamental.
Especialmente, se vivemos a nossa vida com medo dela.
E como escreveu Bertolt Brecht: "Temam menos a morte e mais a vida insuficiente."
(imagem: "Santissima Muerte" - México - autor desconhecido)