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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2007

As quatro coisas

1-Perdoa-me 2-Perdoo-te 3-Obrigado 4-Amo-te Estive há já alguns meses a assistir a um seminário sobre cuidados paliativos, e das muitas informações que foram referidas retive especialmente este facto: quando alguém está próximo da morte existem quatro coisas que normalmente gostaria de dizer a algumas das pessoas que o ou a acompanharam durante a vida - perdoa-me, perdoo-te, obrigado e amo-te. Facto este suportado também pela experiência do médico Ira Byock , que já há longos anos acompanha doentes terminais. Pela forma simples como me apresentaram este facto, e pela posterior investigação que fiz, deduzi que estas quatro afirmações são pretendidas dizer por quem está a morrer não por esta exacta e rígida ordem, mas adequada às circunstâncias e ao papel que cada personagem teve na vida desse alguém. A algumas pessoas sentiremos um dia que gostariamos de ter dito "perdoa-me", "perdoo-te", "obrigado" ou "amo-te"...antes de finalmente lhes dizermos

A verdade, verdade...

Estar onde estou, se não estiver desconfortável, se nada me incomodar, se não estiver triste ou aborrecido é um bom sítio ou momento para estar e ficar ? E se pensar que onde estou, no espaço, no tempo e nas circunstâncias, não é mau de todo, mas poderia estar ou sentir-me ainda melhor ? E se não me sinto ainda melhor no tempo e na circunstância, será que os posso melhorar, mudando a minha forma e perspectiva de os experimentar ou viver ? E se mesmo mudando a minha forma ou a minha atitude de os viver, eles continuam, ainda assim, pouco interessantes ? Serei eu ? Ou serão essas circunstâncias ? Sendo essas circunstâncias pouco interessantes porque serei eu que tenho de me adaptar a elas ? Terei eu a possibilidade de ver o que de melhor essas circunstâncias, esses momentos, me podem oferecer ? Ou estarei eu a fazer um esforço inglório para ver o que não existe ? Ou estarei eu já a fazer um esforço para ver o pior ? Estarei eu numa busca constante de confirmação do negativo em vez de pro

O silêncio dos culpados

O conceito de culpa não é uma coisa que me faça muito sentido. Mas esta é mais uma daquelas situações em que temos de gerir a precariedade das palavras existentes nos nossos dicionários, e à falta de melhor lá a vamos usando. Assim, usamos a culpa para identificar a autoria voluntária ou involuntária de determinadas circunstâncias, factos, situações, etc. E a cada dia que passa, e que vou vivendo, faz-me cada vez mais sentido eu ir analisando as minhas autorias e as de quem me rodeia, especialmente daquelas pessoas com quem vou trabalhando ou as pessoas que me são mais próximas. É para mim uma dinâmica imprescindível de desenvolvimento, meu e de quem me rodeia. Entendendo e melhorando. Por isso, cada vez menos me calo. Por isso, cada vez acho mais que vale a pena. Por isso, às vezes sou incómodo. Incómodo, porque confronto, sempre dando a minha face para me confrontarem com aquilo que também vou fazendo menos bem e de peito aberto para assumir a minha responsabilidade, a minha autoria.

Se eu pudesse

Se eu pudesse trincar a terra toda E sentir-lhe um paladar, Seria mais feliz um momento ... Mas eu nem sempre quero ser feliz. É preciso ser de vez em quando infeliz Para se poder ser natural... Nem tudo é dias de sol, E a chuva, quando falta muito, pede-se. Por isso tomo a infelicidade com a felicidade Naturalmente, como quem não estranha Que haja montanhas e planícies E que haja rochedos e erva ... O que é preciso é ser-se natural e calmo Na felicidade ou na infelicidade, Sentir como quem olha, Pensar como quem anda, E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre, E que o poente é belo e é bela a noite que fica... Assim é e assim seja ... Alberto Caeiro - in "O Guardador de Rebanhos"

A caixa de ferramentas

Nasci com uma caixa de ferramentas para a vida, quase vazia. Demorei muito tempo a perceber o que era importante ter, para viver feliz e sem acidentes de trabalho. Errei muito, martelei muitas vezes no dedo e serrei muito para além do traçado. Sangrei, tirei falhas, aparafusei quando devia ter colado, colei quando devia ter aparafusado. Agrafei e fechei quando devia ter apenas dobrado. E dobrei quando devia ter agrafado. Hoje, olho para a minha caixa de ferramentas com um orgulho especial. O orgulho de um feliz e grato sobrevivente, que foi encontrando as ferramentas necessárias e por vezes até mesmo construindo as suas próprias. E porque tenho tanto orgulho nelas, porque me fazem tanto e tão bom sentido, todos os dias tento partilhar o conteúdo desta minha caixa com quem vai criando ou criou a sua própria caixa de ferramentas. Porque nesse processo de partilha cresço e ajudo a crescer. Tenho vindo a fazer um balanço daquilo que tenho hoje em dia na minha caixa de ferramentas e pensei

Encosta-te a mim, abraça-me e recebe-me

Aquele que eu sou és tu. Aquele que eu sou és tu que estive e estou contigo nos bons e menos bons momentos. Eu sou aquele que sobrevivi e resolvi. Eu sou aquele que contigo sorri e contigo chora. Eu sou o que te dá força e te ajuda a levantar, a caminhar, a correr, a brincar. Eu sou aquele que às vezes se cansa e se entristece e que tu amparas e motivas. Eu sou tu e tu és eu. Quero-te bem. Por isso, sorri comigo. Encosta-te a mim, abraça-me e recebe-me. --- "Sou velho e já passei por muitas dificuldades, mas a maioria delas nunca existiu." Mark Twain --- "Encosta-te a mim" - Jorge Palma (obrigado Francisco)

"How to save a life" - FRAY

Em primeiro lugar dizes "precisamos de falar". Ele levanta-se e tu dizes para ele se sentar. Ele sorri de volta para ti e tu olha-lo fixa e tranquilamente. Uma espécie de janela à tua direita, enquanto ele vai para a esquerda. Entre as linhas de medo e culpa, começas a perguntar-te porque vieste. Fá-lo saber que podes fazer melhor porque é isso mesmo, tu sabes fazer melhor. Passa pelas suas resistências sem o fazeres sentir inocente. Apresenta-lhe uma lista das coisas não estão tão bem e que sempre lhe foste dizendo. E reza para que ele te ouça. Enquanto ele começa a levantar a sua voz tu baixas a tua e dás-lhe uma última opção. Entre guiar até perder a estrada ou parar com os outros que ele também seguia. Ele fará uma das duas e admitirá qualquer coisa, ou dirá que já não é a mesma pessoa e aí perguntar-te-ás de novo o que estás ali a fazer. Onde é que erraste ? Perdeste um amigo entre as coisas amargas. Tê-lo-ias acompanhado toda a noite se soubesses como salvar uma vida. (

Nós, as crianças

Fecho os olhos, respiro fundo e deixo que a minha mente me leve, pairando, viajando. Apetece-me dar um abraço na minha criança interior, na que eu sou, na que fui, na que vive em mim. E encontro-a num momento menos simpático. Parece um pouco ansiosa, vou até junto dela, explicando-lhe quem eu sou. Estranhamente pouco ou nada surpreendida olha para mim para confirmar e dispor-se a ouvir-me. Digo-lhe o quanto eu gosto dela e o quanto ela é importante para mim. Para mim, eterno protótipo inacabado de ser mutante. Não adulto, mas em crescimento. Digo-lhe, em resposta à intranquilidade dela, que tudo vai correr bem e dou-lhe um abraço, sentindo-lhe o coração a acalmar-se. Recebo-a em mim, mais tranquila e sorridente. Sinto a energia dela e volto ao presente, calmo, tranquilo e leve. Muito leve. Como se tivesse encontrado um velho amigo e matado saudades pesadas. E sorrio, ou melhor...sorrimos. --- "Todas as grandes personagens começaram por serem crianças, mas poucas se recordam disso.

Entre o silêncio e o grito

Entre o silêncio e o grito há uma distância de mil universos. Uma distância que por vezes se percorre em silêncio porque não se admitem paragens ou mudanças de direcção, para falar, conversar - com os outros ou connosco mesmos. É um 8 ou 80 de emoções, mas não de sensações ou sentimentos. É um acumular natural de energias que se depositam no nosso ser e nos rogam que abramos a janela, porque se não o fizermos elas a arrombam. Entre o silêncio e o grito há o sorriso, a calma e o respeito, a tranquilidade e a frontalidade, mas também o pensar alto e o partilhar. Se não quiseres gritar, não fiques em silêncio.

Qualquer coisa que você possa fazer ou sonhar, você pode começar

“Em relação a todos os actos de iniciativa e de criação, existe uma verdade elementar: no momento em que nos comprometemos, a Providência Divina também se põe em movimento. Todo um fluir de acontecimentos surge a nosso favor. Como resultado da decisão, seguem todas as formas imprevistas de coincidências, encontros e ajudas que nenhum homem jamais poderia ter sonhado encontrar. Qualquer coisa que você possa fazer ou sonhar, você pode começar. A coragem contém em si mesma o poder, o génio e as magias.” Goethe --- Começa ! --- Obrigado pelos obstáculos !

Observa

Pega naquele cubo de gelo, fecha a tua mão e observa. Coloca aquela pedra de areia na peneira e observa. Ergue aquela enorme pedra tão pesada como uma pena e observa. Amarrota aquela inflexível folha de aço na tua mão e observa. Destrói aquela parede centenária e imutável de papel e observa. Sente os espinhos daquela roseira, suaves como veludo e observa. Sai daquele infinito buraco que te cobre os pés, levanta-te e observa. Suporta os ventos e tempestades daquela bonança e observa. Oprime o teu coração com aquela implacável e frágil mão de fino cristal, que se derrete com o calor do teu corpo e observa. Abraça o abutre que te bica os olhos com bicos de gentis pétalas e observa. Grita bem alto os teus murmúrios de conquista e observa. Mostra o que sentes e observa. Observa como transformas o menos bem, num bem melhor e maior. Observa como de um rosto sisudo nasce um sorriso. Observa como de uma testa franzida de preocupações as sobrancelhas se levantam com soluções. Observa como à dist

Os sobreviventes

Dois veleiros naufragam no meio do Pacífico. Em dois pontos diferentes desse oceano. Da tripulação de cada barco, apenas um homem consegue resistir. E após uma incansável e desigual batalha, em que esses dois homens quase pereciam num titânico confronto com um Pacífico irado, finalmente chegam a uma ilha. Exaustos. Cada um, nessa mesma ilha, chega a praias diferentes. Igualmente belas e paradisíacas mas em diferentes lados da ilha. Um deles quando chega à praia, e em recuperação ofegante de uma batalha quase perdida, vira-se para o céu e grita agradecido a Deus por estar salvo. O outro, na outra praia, assim que se sente seguro tocando em solo firme, recupera a respiração e grita zangado com Deus: "porquê eu ? porquê a mim ?". Qual a diferença entre estes dois homens ?