Auto-Confiança
e Vulnerabilidade
- uma estranha relação (ou talvez não!)
(artigo publicado na revista Saúde Actual - Maio/Junho 2025)
“Vulnerabilidade
é o centro de emoções e experiências humanas significativas.
É o lugar do amor, da pertença, da alegria, da coragem, da empatia e da
criatividade.”
Brené Brown
O que é ser vulnerável?
E porque é que no nosso trabalho de auto-conhecimento e de desenvolvimento
pessoal é tão importante falar da vulnerabilidade?
Se formos ao dicionário pesquisar a definição de vulnerabilidade encontramos: adjectivo de 2 géneros, que pode ser atingido ou
ferido; frágil; que tem poucas defesas; figurado - diz-se do
ponto fraco de uma pessoa, coisa ou questão.
Mas sermos vulneráveis no nosso dia-a-dia pode ter muito a ver com a forma como
lidamos com emoções difíceis ou intensas, especialmente permitindo-nos
exprimi-las.
Pode também passar por admitirmos que não sabemos tudo, assumirmos erros,
pedirmos ajuda, falar ou agir mesmo com receio das reacções ou mostrarmos quem
somos sem garantias de que nos aceitam.
Talvez possamos mesmo falar de uma vulnerabilidade saudável que tem a ver com autenticidade,
limites conscientes e coragem emocional.
E aqui poderá começar-se a vislumbrar a ligação entre auto-confiança e
vulnerabilidade, que é mais profunda do que parece à primeira vista — e, na
verdade, uma sustenta a outra.
Ser
vulnerável exige coragem – Porque mostrar vulnerabilidade (assumir erros, pedir ajuda,
mostrar emoções, admitir que não se sabe algo) é um acto de coragem, não de
fraqueza. E coragem é um dos pilares da auto-confiança. Quando alguém se
permite ser vulnerável, está basicamente a afirmar: "Eu confio em mim o suficiente
para não precisar de fingir perfeição."
Pode ser importante lembrar que todos os actos corajosos envolvem
vulnerabilidade. Pedir desculpas, expressar sentimentos, começar um projeto
novo, expor-se a críticas — tudo isso exige coragem, porque envolve incerteza e
risco emocional.
Podemos, assim também, assumir que é na vulnerabilidade que nasce a coragem.
Aceitar que somos humanos, com falhas, dúvidas e medos é uma atitude que nos
liberta para viver com mais leveza.
A verdadeira auto-confiança não depende de invulnerabilidade
As
pessoas realmente autoconfiantes não precisam parecer sempre fortes ou certas.
Elas sabem que têm o seu valor, mesmo com falhas ou incertezas. Isso cria um
espaço interno seguro para serem autênticas.
A vulnerabilidade é um dos sinais mais autênticos de auto-confiança e a pessoa
que confia em si mesma consegue dizer: "Eu não sou perfeito, e está tudo
bem."
A
vulnerabilidade alimenta conexões/relações autênticas -
Quando
nos mostramos vulneráveis, criamos espaço para relacionamentos reais, baseados
em empatia e confiança. Isso, por sua vez, reforça a auto-confiança, porque
percebemos que somos aceites e respeitados como somos.
Só podemos amar de verdade se formos vulneráveis
“Amar
alguém é ser vulnerável.”
Para nos conectarmos com os outros de forma autêntica, precisamos estar
dispostos a ser vistos como somos, sem máscaras. Isso abre espaço para conexões
reais e profundas.
Muitas
pessoas tentam proteger-se evitando a exposição e os contactos, mas isso também
bloqueia a alegria, a pertença e o crescimento. Não podemos anestesiar emoções
selectivamente, quando entorpecemos a dor, também entorpecemos a alegria.
A
armadura emocional impede-nos de viver plenamente e muitas pessoas lidam com a
dor, medo e vergonha tentando evitar tudo o que as exponham, controlando tudo
ou fingindo que não se importam.
Mas esse tipo de atitude bloqueia as nossas melhores e mais belas emoções —
como a alegria, gratidão, empatia ou amor.
De acordo com a pesquisa da neurocientista Brené Brown as pessoas mais conectadas assumem-se como completamente
imperfeitas, mas aceitam-se como são; sentem-se capazes de se mostrar
vulneráveis, de forma honesta; dispõem-se a afirmar "Isso é quem eu sou."
Auto-confiança
sem vulnerabilidade vira arrogância ou rigidez
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Se alguém tenta mostrar-se sempre confiante, mas nunca vulnerável, acaba por
tornar-se inacessível, perfeccionista ou até defensivo. Essa
"auto-confiança" é frágil, baseada na imagem e no controle — e pode
desmoronar facilmente.
Não haverá melhor remédio para a tão falada “síndrome de impostor” que a
aceitação da nossa vulnerabilidade.
E aceitar a nossa vulnerabilidade passa por aceitar que não sabemos tudo — e
tudo bem; por tirar poder à vergonha; por criar conexão com os outros; por ter
mais autocompaixão.
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Durante
muitos anos a vulnerabilidade foi associada à fraqueza, mas, na verdade, ela é
o centro da coragem, da criatividade, do amor e da inovação.
E a coragem convida-nos a sentirmo-nos suficientes, mesmo sem perfeição; a amar
sem garantias; a falar sobre sentimentos, mesmo que tenhamos receio; a praticar
gratidão mesmo nos momentos difíceis… enfim, a abraçar a nossa vulnerabilidade.
E vamos
assim percebendo o grande “aparente” paradoxo de que quanto melhor aceitarmos e
lidarmos com a nossa vulnerabilidade mais confiantes nos sentiremos.
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Auto-Confiança, em Lisboa, Porto, Leiria ou online.
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Mário Rui Santos
hipnoterapeuta – www.Hipnose.pro
formador da Hypnos/A-GPHM – www.Hipnoterapia.pro
presidente da Associação-Grupo Português de Hipnose e Motivação – www.Hipno.pt
*a pedido
do autor, este texto não segue as normas do acordo ortográfico
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