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"Nunca ficamos no tempo presente.
Lembramos o passado; antecipamos o futuro como lento demais para chegar, como para apressar o seu curso, ou nos lembramos do passado para fazê-lo parar como demasiado rápido, tão imprudentes que erramos por tempos que não são nossos e não pensamos no único que nos pertence, e tão levianos que pensamos naqueles que nada são e escapamos, sem reflectir, do único que subsiste.
É que, em geral, o presente nos fere. Escondemo-lo de nossas vistas porque nos aflige e, se ele nos é agradável, lamentamos que nos escape.
Buscamos mantê-lo mediante o futuro e pensamos em dispor as coisas que não estão em nosso poder por um tempo ao qual não temos a menor certeza de chegarmos.

Examine cada um os seus pensamentos. Vai encontrá-los a todos ocupados com o passado ou com o futuro.
Quase não pensamos no presente, e se nele pensamos é somente para nele buscar a luz para dispormos do futuro. O presente nunca é o nosso fim.
O passado e o presente são os nossos meios, só o futuro é o nosso fim.
Assim não vivemos nunca, mas esperamos viver e, sempre nos dispondo a ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos."

Fragmentos de "Pensamentos", de Blaise Pascal

Comentários

Xicha disse…
Blogs funcionam mesmo assim, uma vez estamos outras não estamos, como eu hoje estive dexo-te um Grande Abraço na esperança de que te encontres maravilhosamente bem,
tudo de bom p ti Mário
:)
XI

E isto para mim é o presente...
Anónimo disse…
Também estou aqui contigo.
Abraço
Anónimo disse…
"Time present and time past
Are both perhaps present in time future,
And time future contained in time past.
If all time is eternally present
All time is unredeemable.
What might have been is an abstraction
Remaining a perpetual possibility
Only in a world of speculation.
What might have been and what has been
Point to one end, which is always present.
Footfalls echo in the memory
Down the passage which we did not take
Towards the door we never opened
Into the rose-garden. My words echo
Thus, in your mind.
But to what purpose
Disturbing the dust on a bowl of rose-leaves
I do not know.
Other echoes
Inhabit the garden. Shall we follow? (...)"

(T.S.Eliot, "Four Quartets, Burnt Norton")

Um abraço e tudo de bom.
Carla Reis
Obrigado Carla :) muito.

Shall we follow the time or shall we invite it to follow us ?
Anónimo disse…
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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