Avançar para o conteúdo principal

As queixas do Hipólito

Dois cidadãos séniores conversavam neste café perto da minha casa. O primeiro, com um ar desgostoso, queixava-se enfaticamente do facto de a EDP lhe ter cobrado dois meses de electricidade e ainda ter feito uns acertos de contas, obrigando-o a dispender uma quantia razoável. E chamava nomes, bandidos, vigaristas, etc...
Foi aí que o outro cidadão, também sénior, lhe disse: - Olha lá ó Hipólito, mas então porque é tu não ligas lá para aquele numero que eles têm nas facturas, no final de cada mês, e mandas-lhes a leitura do teu contador?
Nessa altura vi o Hipólito acabrunhar-se e ficar em silêncio. Enquanto o observava imaginava-lhe os pensamentos: "Então mas um gajo já não se pode queixar?? E se eu não me queixar desta e doutras coisas de que é que me vou queixar?? Deixa-me mas é queixar à vontade e fica calado enquanto eu me queixo!!!"

Comentários

Anónimo disse…
Porque é que o Hipólito tem tantos nomes?...
Abraço Mário
QJ
E às vezes até tem o nosso :)
Também temos direito a queixar-nos, até um certo limite.
Se o ultrapassarmos deixa de ser um direito e passa a ser um estado de espírito.
rosa disse…
Bolas, como é difícil assumir que temos responsabilidade nas situações e que a culpa não é sempre dos outros. E ai do desgraçado que nos mostra um espelho!!
Por isso algumas pessoas têm medo de espelhos e outras nem sequer se vêm neles reflectidas ;)

Mensagens populares deste blogue

Um caminho para a Luz, apenas um caminho...

Falamos e ouvimos falar tanto da Luz. De uma Luz. Uma Luz que nos ilumina, que nos acompanha, que está dentro de nós. Para alguns essa Luz é Deus, para outros o Universo, a força do Universo, a Energia Universal, o Ki, o Amor, a Paz. A Luz é tanto em nós e quanto mais nos sentimos no seu caminho mais a enriquecemos conceptualmente, tornando-a mais rica e poderosa. Para outros que se sentem distantes deste conceito, admitir a possibilidade de uma Luz, que ilumina e acompanha o seu ser é uma proposta de alienação do seu próprio conhecimento ou auto-construção. É algo que não faz sentido porque os distrai de si mesmos. A estes direi que a Luz de aqui falo-escrevo é também exactamente isso: o seu próprio conhecimento e força de construção. Assim, seja você uma pessoa mais racional ou uma pessoa mais espiritual, a proposta de caminho que aqui lhe deixo é uma proposta pragmática e universal. Que será tanto ou mais espiritual, tanto ou mais racional, conforme o seu próprio sistema de crenças ...
A utilidade da raiva (artigo publicado na revista Saúde Actual - Julho/Agosto 2025) "Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar a minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. A nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo." -         Mahatma Gandhi   A raiva é uma emoção humana primária bastante intensa, geralmente despertada quando sentimos que algo está errado, injusto, é ameaçador ou frustrante. Tem componentes físicos (tensão, aceleração cardíaca) e psicológicos (pensamentos de crítica, desejo de agir) e é uma reação natural que faz parte do nosso sistema de defesa — uma forma do corpo e da mente dizerem: "Algo precisa mudar." E pode ser expressa, reprimida ou canalizada. Normalmente, no meu trabalho como terapeuta agrego à raiva a revolta, a ira, a zanga… como uma espécie de amálgama emocional à qual deveremos dar uma especial atenção para a sua compreensão e ...
Quando uma relação de amizade, familiar ou amorosa é cortada ou terminada e vemos que a pessoa ou pessoas do outro lado parecem ficar pouco ou nada afectadas com esse distanciamento que fica poderemos sentir-nos bastante magoados. E isso acontece porque o que se observa toca em necessidades humanas profundas de pertencimento, valorização e reciprocidade emocional. Quando vemos que a outra pessoa parece não se afectar com o afastamento, podemos sentir como se a nossa importância fosse diminuída ou até inexistente para ela. O que mais costuma magoar nesse contexto inclui: Sentimento de desvalorização – A ideia de que a relação poderia ter significado pouco para o outro gera dor, pois esperamos que laços que foram importantes para nós também sejam reconhecidos e sentidos por quem os compartilhou. Ferida no ego e na autoestima – Inconscientemente, podemos interpretar a falta de reacção como se houvesse algo "errado" connosco, como se não tivéssemos sido suficientemente bons ou di...