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Há uns anos fui assistir a uma formação de hipnose e em determinado momento o formador contou uma história sobre a vida dele.
Um acontecimento que o terá marcado e que de alguma forma o terá despertado para aquele caminho do desenvolvimento pessoal e de ajuda aos outros.
No entanto, essa história que ele apresentava como sendo pessoal tinha sido retirada de um livro que eu conhecia e que tinha lido também já há algum tempo.
Ainda pensei que poderia haver apenas uma semelhança ou coincidência entre a história desse formador e a história do livro que tinha lido.
Mas os pormenores que ele descrevia e enfatizava eram exactamente iguais à história que eu tinha lido.
E, para mim, o problema é que ele se tinha apropriado dessa história como sendo dele, sem qualquer referência ao livro de onde tinha retirado essa história.
Olhei à minha volta e todas as pessoas que estavam na formação olhavam para ele com uma espécie de admiração, quase deslumbramento por aquilo que aquele homem descrevia.
A partir desse momento, coloquei um filtro para o ir observando com mais atenção, e fui verificando outras incoerências ou inconsistências no discurso que ele apresentava.
Comecei a sentir que aquela não era uma boa fonte de informação para mim e quando se fez o primeiro intervalo saí daquela formação.
Outros colegas meus que estavam a assistir, estranharam eu não ter voltado e contactaram-me para saber o que tinha acontecido. Mas eu inventei uma desculpa e nunca lhes disse a verdadeira razão.
Talvez alguns, hoje, passados também alguns anos ao lerem este meu relato percebam aquilo que estou a descrever.
Para algumas poucas pessoas a quem eu contei o que aconteceu eu terei exagerado. Para mim não.
Há linhas vermelhas que para mim se vão tornando cada vez mais sagradas e a mentira para mim é uma delas.
Não quero com isto dar a entender que sou um santo e que na minha vida nunca tenha mentido a ninguém. Menti e enganei certamente, e assumo-o considerando a minha imaturidade e pouca consciência que tive nesses momentos da minha vida, mas… tenho ensinado a colocar-me no caminho da verdade, e é bom. Muito bom!

Talvez por me sentir nesse caminho da verdade, hoje em dia permito-me não ter na minha vida a mentira e sacudi-la sempre que a encontro.
E sei que por vezes, muitas das pessoas com que vou trabalhando testam essa verdade em mim. Observo os desafios delas e deles, e compreendo-os. Respeito-os,
As fontes de informação ou conhecimento das quais vamos bebendo devem estar tão limpas quanto possível.
E é bom estarmos atentos!
. . .
Foto de Nikolay Draganov . . . www.MarioRuiSantos.net

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