Em termos gerais, isto é uma dissonância (contradição) entre reconhecer o erro e recusar a mudança e pode dever-se a razões como:
Identidade e autoimagem
A pessoa pode ligar o comportamento ao seu “jeito de ser”. Se mudar, sente que deixaria de ser ela própria.
Reconhece o erro, mas assumir que precisa mudar pode soar como uma ameaça à sua identidade.
Resistência à mudança
Mudar exige esforço, desconforto e, às vezes, enfrentar medos.
Mesmo sabendo que algo não é ideal, a pessoa pode preferir manter o hábito porque é mais fácil ou mais familiar.
Mecanismo de defesa
Admitir que algo precisa mudar pode provocar sentimentos de vulnerabilidade, culpa ou vergonha.
Então a pessoa se protege dizendo: “sou assim mesmo” — como forma de evitar lidar com essa dor.
Controlo e autonomia
Ao dizer que não vai mudar, a pessoa reafirma a sua autonomia.
Pode haver resistência a mudar porque o pedido ou confronto é sentido como imposição externa.
Benefícios ocultos (ganhos secundários)
O comportamento, mesmo sendo um erro, pode trazer algum benefício indirecto (atenção, evitar responsabilidades, manter uma dinâmica conhecida...).
A pessoa pode preferir manter esse benefício em vez de corrigir o erro.
Crença de imutabilidade
Algumas pessoas acreditam que características pessoais são fixas (“eu nasci assim, não dá pra mudar” - Síndrome de Gabriela).
Essa crença pode funcionar como justificativa para não se engajar em esforço de mudança.
Em resumo, esta pessoa reconhece o erro cognitivamente, mas emocionalmente ou identitariamente não está pronta (ou disposta) a mudar.
É um caso clássico de dissonância cognitiva — ela sabe que está errada, mas prefere sustentar o comportamento para manter a coerência interna ou evitar desconforto maior.
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Se esta pessoa é alguém com quem você precisa conviver com frequência (no trabalho, na família, num relacionamento próximo), lidar com esse tipo de atitude pode ser desgastante.
O segredo não está em forçar a mudança, mas em aprender a gerir a relação e a forma de comunicação.
Algumas estratégias úteis:
1. Aceitar limites do que você pode mudar
Ninguém muda outra pessoa à força.
Reconhecer isso já reduz a frustração.
O foco deve ser: como você reage ao comportamento, não em transformá-lo.
2. Evitar confrontos diretos constantes
Repetir confrontos só reforça a resistência.
A frase "sou assim mesmo" muitas vezes é um escudo contra a pressão.
Em vez de insistir, use perguntas ou observações que incentivem reflexão, sem impor.
3. Comunicar impacto, não acusação
Em vez de dizer: "Você está errado, precisa mudar", diga:
"Quando isso acontece, eu me sinto [X] e isso afeta [Y]."
Foca nos efeitos práticos, não na “culpa” da pessoa.
4. Definir limites claros
Se o comportamento o/a prejudica, é importante deixar claro aquilo que você tolera e o que não.
Exemplo: "Entendo que esse é a sua forma de ser, mas quando isso acontece, eu vou agir assim [X]."
Isso não exige que a pessoa mude, mas protege-o/a a si.
5. Escolher as batalhas
Nem todo o erro precisa ser apontado.
Pergunte-se: isso realmente me afeta ou é só uma diferença de estilo?
Conservar energia para o que realmente importa.
6. Usar reforço positivo
Quando a pessoa mostra alguma flexibilidade (mesmo que pequena), valorize.
Isso aumenta a chance de ela repetir o comportamento.
7. Trabalhar a sua própria postura emocional
Quanto mais neutro e sereno você ficar diante da resistência dela, menos espaço há para conflito.
Se ela percebe que não o/a consegue provocar ou desgastar você, essa pessoa perde parte do “poder” desse comportamento.
Assim, a melhor forma de lidar é equilibrar aceitação com limites claros, sem cair na armadilha de tentar mudar a pessoa à força.
Isso reduz atrito, protege-o/a a si e cria espaço para que, se um dia ela decidir mudar, não seja por imposição, mas por escolha.
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