A lua de ferro mantém-se impassível.
Em contra-luz de fim de dia.
De fim de tempestade,
Em plano contra-picado.
De quem se despede das nuvens enegrecidas,
Cansadas e fugidias
Num empurrar de vento
Do planeta apressado.
Temporariamente minguante.
Ferrugenta, exausta.
Sorri ao contrário
Aos restos de luz,
De costas para a borrasca
Peito aberto à bonança quase nocturna.
Aguarda.
Firme.
O regresso dos últimos raios
Do astro maior.
Quente, tranquilo que volta
De mãos dadas com a estrela parida,
Criada e concebida pelo amor do ser.
Sorri.
Em ferro de castanho e sabedoria
Estendendo a ponta brilhante celeste
À mão da companheira,
Pelo amor construída,
Tranquila, aquecida.
No abraço do Deus-Sol.
E a lua de ferro,
No temporário minguante,
Em querida mentira,
Solta as amarras, cavilhas, parafusos
E preconceitos do homem medo.
Para um almoço impossível
À luz das estrelas mirantes
Arrumadas em céu distante.
Aquecida.
Abraça a mão dada
Pela estrela parida em calor de rei astral e presente.
No planeta apressado,
Igualmente dormente,
Igualmente quente.
E os três, de raios e pontas
Laçados,
Almoçam a luz do Universo.
Que os enche, envolve,
Engole e devolve.
Sem parafusos, cavilhas.
Com desejos e sonhos
Do homem novo.
Assim, ela lua, crescente
Fica.
Em ferro de ouro, platina,
Terno
De sorriso.
Até que outra tempestade
Natureza
Lhe construa
Mais uma provisória certeza.
De ponta brilhante,
Celeste.
De mão dada com a estrela
Criada e amada.
Construída.
Deste ser novo, saída.
MRS
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obrigada