2007/01/31

"Contado ninguém acredita"



Eu também não acreditei...por isso fui ver.

2007/01/29

"Mas mesmo que Deus não exista, tenho medo de mim mesmo, tenho medo da minha alma, tenho medo de me encontrar sós a sós com a minha alma, que é nada, o fim e o princípio da vida e a razão do meu ser. Mesmo que Deus não exista e a consciência seja uma palavra, há ainda outra coisa indefinida e imensa diante de mim, ao pé de mim, perto de mim. "

Raúl Brandão, in "Húmus"

Só bons comentários


Nos últimos anos tenho vindo a desenvolver um esforço no sentido de comentar apenas positivamente, elogiar, felicitar, enfim valorizar o que é positivo. Felizmente para mim esse esforço tem-se convertido em algo mais próximo da fluidez. Não sendo já um esforço mas cada vez mais, e ainda bem, uma resposta ou comportamento autónomo.

A não facilitar esta forma de pensar, tenho consciência clara de que esta ainda não é a atitude, e consequente comportamento, vigente na nossa sociedade. Especificamente, na sociedade portuguesa.

A verdade é que esta atitude leva por vezes à existência, da minha parte, de alguns silêncios perante a atitude dominante de crítica e de negativização de alguns para com os outros. Silêncios apenas preenchidos com um leve sorriso ou aceno de cabeça da minha parte. Tentando, com isso, que as pessoas não pensem que sou ostensivamente mal-educado com elas, porque as ignoro. Mas os silêncios existem.

E pergunto-me muitas vezes se esse silêncio que grito aos ouvidos da pessoas é legítimo. Se não deveria dizer-lhes que discordo da forma de pensar delas e mostrar-lhes os meus argumentos da forma mais civilizada e positiva possível. Para que, na minha perspectiva, elas também o experimentem fazer e o continuem.

Cheguei à conclusão que avalio esta minha forma de pensar e os meus argumentos de um modo tão sólido, e acredito neles tão convictamente, que por vezes de forma entusiástica contribuo não para a outra pessoa se questionar mas para a pessoa se chocar, primeiro comigo e depois com ela própria. Sinto-me um iluminado e por me sentir um iluminado encandeio algumas pessoas. E isso é pouco ou nada interessante, pouco produtivo. Para mim, para as outras pessoas, para as nossas relações.

Então modero o meu entusiasmo e em vez de "despejar" o meu optimismo, positivismo e outras coisas que penso serem importantes na vida, como verdades absolutas, deixo pequenas pistas para os outros. E o mais fascinante disto é que em vez de receber reacções de choque, recebo aceitação e mais ainda : pequenas pistas que também eles me deixam. E no final da conversa, chegamos à conclusão que afinal tinhamos os dois as luzes acesas, e que quando as juntámos...da noite se fez dia.

2007/01/26

Formatos de Felicidade

É verdade que aquilo que me faz feliz, poderá não ser o que faz feliz a outra pessoa. É possível que aquilo que considero ser o meu formato ou referencial de felicidade não faça qualquer sentido a muitas outras pessoas, ou a nenhuma.

É até mesmo possível que eu acredite na existência de uma alma-gémea com a qual sou ou serei feliz, mas até é mesmo possível que outras pessoas acreditem e encontrem muitas almas-gémeas ao longo da sua vida com as quais vão crescendo e sendo felizes.

Mas acredite eu num formato ou noutro, defenda e procure aquilo que faz sentido para mim, não tenho nunca o direito de questionar os formatos de felicidade dos outros. Porque os deles são tão ou mais legítimos que os meus.

Quanto muito, se as circunstâncias forem propícias e me pedirem, poderei apresentar o meu formato de felicidade. Até porque eu também gosto de conhecer os formatos de felicidade dos outros, e nunca se sabe quando poderei ter de proceder a adaptações ao meu. Se isso me fizer feliz, claro !

2007/01/25

Central de Meditação

Mandala experience


2007/01/24

A estrada


Foto de Sam Javanrouh

Generalizações e especificidades


A especificidade de cada ser humano é uma das suas mais fantásticas características. É o que dá cor, contraste e interesse à diversidade da nossa espécie. Não precisamos de concordar todos uns com os outros, não precisamos de gostar de tudo o que os outros gostam, nem fazer aquilo que todos os outros fazem. Precisamos apenas de respeitar.

E somos grandiosamente específicos, orgulhamo-nos disso. Gostamos da nossa especificidade, da nossa diferença e surpreendemo-nos satisfeitos com alguns pontos de concordância com os outros. Identificamo-nos e reforçamos as nossas convicções com essas concordâncias.

É, no entanto, importante para o equilíbrio das especificidades existirem algumas generalizações. São referências ou indícios. Mas acima de tudo essas generalizações deverão, também, respeitar as especificidades de cada.

Deixarmo-nos colocar rótulos generalizantes, ou colocarmos rótulos nos outros, é fechar o livro da nossa vida, da vida de cada pessoa, de forma antecipada e - geralmente - errada.

2007/01/22

Iron father, iron son

O "Iron Man" é uma prova de resistência física que consiste em 3,8 km de natação, 180 km de bicicleta e 42 km de corrida.

Para realizar o sonho do filho deficiente, este pai de 59 anos resolveu participar e conseguiu terminar a prova...

Mas com um pequeno detalhe: foram os dois juntos !


Obrigado ao Simão

A linearidade do tempo



Para além da modificação da matéria apenas existe uma circunstância irreversível na vida: a morte. E ela ainda assim é porque não dispomos, também ainda, de informação suficiente sobre o que acontece após esse momento.

As informações que temos são ainda construções do nosso imaginário, embora essas construções possam ser de facto a realidade. Pelo menos porque ela está construída em nós.
E então, aparentemente, classificamos temporariamente esta circunstância de irreversível.

De tudo o resto somos então senhores do tempo. Porque sobre as consequências desse grande resto de circunstâncias somos de facto pequenos grandes deuses. Ao ponto de alterarmos as curvas do tempo das consequências em função do que muito bem decidirmos.

As consequências dos nossos momentos anteriores são então sempre flexíveis e, como tal, aguardam o nosso arbítrio sobre o exercer ou não deste nosso poder de reescrever a história ou alterar o destino.

A sabedoria


O sábio não colecciona sabedoria como quem colecciona medalhas.
O sábio aprende, constrói, ensina e partilha. E nessa dinâmica se torna mais sábio.
Ensinar, semear, ajudar, fazer crescer é ser mais sábio.
Porque se aprende, se admira, se ajuda e se cresce. É dar por dar.
Não esperar receber.
Mas receber o que não se espera de braços abertos. E com isso crescer, mas não só.
Porque mesmo quando não se recebe e só se dá, também se cresce.

É por isso que a sabedoria é dinâmica. Fluida.

Precisamos que os outros interajam com a nossa sabedoria e nós com a sabedoria dos outros.
A sabedoria é energia que canalizamos, que transformamos e ampliamos.

A sabedoria não se mede.
Nem por aquilo que se aprende, nem por aquilo que se ensina, se partilha, se transforma ou se amplia.
A sabedoria vive-se, recebe-se e dá-se.

2007/01/19

Human Time

2007/01/18

Eric Prydz vs Floyd - "Proper Education"

O avô mongol

15 de Janeiro de 2007
16h15m - Aeroporto de Heathrow (Londres)

Cheguei com quase três horas de antecedência ao aeroporto. Nesta viagem já me tinham acontecido situações demais para resolver, e desta vez optei por jogar seguro - por isso fui com uma exagerada antecedência para o aeroporto. Queria estar calmo, descontraído.
Apanhei o metro de Londres e saí da estação, iniciando um caminho quase labiríntico de corredores até ao terminal de onde o meu vôo iria partir. Em alguns desses longos corredores, para que as deslocações das pessoas se façam de uma forma mais rápida, instalaram corredores rolantes. E sempre que podia, colocava-me numa dessas fantásticas invenções para acelerar a minha velocidade de deslocação.
Foi num cruzamento de corredores que avistei aquele avô, parado numa parte não rolante dos corredores. Com um ar completamente perdido, segurando uma criança que aparentava ter pouco mais de três anos.
Este avô tinha os traços de um guerreiro mongol, reformado, perdido no meio da civilização. No meio de um cruzamento de corredores rolantes carregados de pessoas que olhavam para ele, inertes.
Percebi, pela interpelação que ele fazia pelas raras pessoas que passavam a pé que ele precisava de ajuda. Ajuda para encontrar o autocarro para Londres: "Bazz, Londón", dizia ele. Ao que os poucos que passavam respondiam: "Sorry, mate !", num claro despacho de não envolvimento.
O meu corredor continuava a rolar. E entre mim e aquele homem com aquela criança existia um corrimão metálico. Um corrimão que senti vontade de saltar para o ir ajudar. Mas o corredor continuava a rolar. E eu continuava a olhar para eles, hesitante.
Comecei a tranquilizar-me pensando que alguém iria parar e ajudá-los. E eles foram ficando para trás.
Alguns dias depois, ainda me lembro desse momento, desses segundos. E olho para ele como um momento de falta de coragem para fazer o bem, mas acima de tudo olho para ele como mais uma lição. A lição de que por vezes para ajudar os outros precisamos de sair do nosso corredor rolante, saltar o corrimão e oferecer a nossa ajuda.
A seguir, continuaremos o nosso caminho.

2007/01/17

Intra-Comunicação


Estamos em permanente comunicação connosco próprios. Somos um debate, uma conversa, um diálogo, uma discussão viva e permanente.

Dizemos a nós próprios o que queremos e o que não queremos, o que gostamos e o que nem tanto, o que fazemos e não fazemos.

Somos comunicadores e ouvintes de nós próprios. Argumentamos, concordamos ou nem por isso.

Somos eloquentes, pragmáticos ou primitivos com nós mesmos. Mas comunicamos, ouvimos, respeitamos e decidimos. Umas vezes em função de argumentos mais lógicos, outras vezes mais emocionais. Mas comunicamos, projectamos, realizamos.

E como em qualquer conversa, debate, diálogo ou negociação, convém recordar que aquilo que viermos a decidir ou a fazer será sempre o resultado de uma boa moderação e argumentação (racional ou emocional) entre as partes, que somos nós num só.

2007/01/16

As crianças vêem, as crianças fazem

Coisas da Felicidade


Existem muitas coisas que nos fazem felizes, que nos fazem sorrir, acordar e viver bem dispostos - é verdade. E aquelas em que eu penso para mim, poderão não fazer muito sentido para outros. É por isso que falar nestas coisas do ser feliz é...sempre um pouco estúpido.

Estúpido porque neste mundo existem tantas formas de pensar e de ser feliz como existem seres humanos neste planeta. O importante é que cada um se sinta feliz. No seu formato de felicidade.

E a mim, que me considero um ser humano feliz, não me cabe criticar formatos. Cabe-me admirar a felicidade dos outros, e aprender com ela. Adaptando ou consolidando continuamente o meu formato de estado de felicidade.

As nossas inércias


Todos temos alguma tendência, uns mais do que outros, outros menos do que uns, a por vezes ficarmos parados - inertes, estagnados, a adiar, a prorrogar.

Acontece. Como é natural e necessário na nossa vida fazermos pausas, para descansar, ganhar energias e continuar. Também é natural, em alguns momentos, essas pausas alargarem-se mais do que gostariamos.
Mas os momentos de "iluminação" chegam-nos e levantamo-nos e agimos. E a inércia fica para trás esquecida, tapada pela nossa acção.
O que é curioso verificar é que nem sempre gostamos que nos confrontem com essa nossa inércia.
A inércia quando existe é uma coisa nossa, muito nossa. E se admitimos a alguém esse confronto, esse alguém é aquele que vemos no espelho.