2007/06/28

Vaiar ou apoiar ?



Natalie Gilbert, de 13 anos, ganhou um prémio e foi cantar o "Star Spangled Banner", hino dos EUA, num jogo da NBA. Vinte mil pessoas no estádio, voz afinada. Aí os braços começam a tremer, ela engasga-se, esquece-se da letra... DÁ-LHE UMA BRANCA! Treze anos. Sózinha ali no meio... O PÚBLICO ESTUPEFACTO ameaça uma VAIA... De repente, Mo Cheeks, técnico dos Portland Trail Blazers, aparece ao seu lado e começa a cantar, incentivando-a e trazendo o público com ele.

Só o técnico tomou a iniciativa de ir até lá para a ajudar, enquanto os demais à volta dela só observavam estupefactos...

Uma atitude de liderança e de solidariedade NA HORA CERTA, pode fazer uma grande diferença para ajudar um ser humano e mudar a história do JOGO...

..e nós, estamos na vaia, ou no apoio?

(obrigado à Leonor)

2007/06/26

O desrotinar e o sucesso


A criação de novas palavras é uma necessidade óbvia e pouco satisfeita. E por ser tão pouco satisfeita existem os poetas que com as poucas palavras disponíveis criam descrições e encadeamentos de novos sentimentos e emoções.

Necessidade óbvia porque a riqueza de sensações e emoções das nossas vidas é crescente e criadora. Temos vidas com níveis de experiências completamente diferentes daquelas que tinhamos há 30, 20 e até mesmo de há 10 anos atrás.

Penso que é por isso que gostamos tanto de ouvir pessoas com pseudo-certezas e definições na ponta da língua: o amor é isto..., a felicidade é aquilo..., sucesso é assado..., falhar é cozido... etc. etc. Porque estas pseudo-certezas - ou definições provisórias de realidades mutantes - vão enriquecendo as nossas próprias definições de tais conceitos, e ajudam-nos a criar essas mesmas definições e formatos provisórios de conforto.

Por isso escrevo este texto para vos e me lembrar que a melhor forma de definir os vossos conceitos e formatos é... (não, não me apanham nessa)...a melhor forma mesmo...é a vossa forma. A forma que usa a vossa inteligência e a vossa força criadora.
A forma que permite manter-nos felizes, vivos e contentes.

Por isso quando alguém vos disser que o amor é isto..., a felicidade é aquilo..., sucesso é assado..., falhar é cozido... etc. etc. lembrem-se das vossas próprias definições e formatos (que são sempre confortavelmente provisórios, mutantes e evolutivos). Apresentem-nas, defendam-nas e argumentem. Elas são vossas e, tal como vós, também evoluem.

Lembro-me sempre a propósito desta minha tese (pseudo-verdade) de que somos fantásticos criadores das nossas próprias definições e formatos - porque as palavras são poucas - de uma história de um músico meu amigo.
Esse meu amigo era, e é, não só músico mas também cantor. E a determinada altura da sua carreira, começou a ter falhas na sua voz. Falava com as pessoas e de repente...sem qualquer motivo aparente, ficava sem voz.

Procurou ajuda diversa, até que um dos seus terapeutas lhe apresentou o "fantástico" diagnóstico: "você tem medo do sucesso". E o meu amigo, na sua desesperada busca de solução para o problema, lá aceitou o diagnóstico estranha e provisoriamente reconfortante. Durante muito tempo, na sua vida ele absorveu essa pseudo-verdade. Até que um dia se lembrou de questionar aquela definição condenatória das razões daquele seu "medo" que o fazia calar em certos momentos.

Questionou acima de tudo o formato de sucesso que a sociedade lhe parecia impor e percebeu que o formato vigente de sucesso da sociedade era diferente do seu formato. Foi aí que ele percebeu que não receava o sucesso, antes pelo contrário: ele amava o seu formato de sucesso.

E viveram felizes para sempre, ele e o seu sucesso.

Moral da história: O vosso moral da história tem todo o direito a ser diferente do meu, e muito provavelmente é.
Moral do moral da história: Só para terminar, hoje proponho-vos esta expressão/palavra: desrotinar - acto de alterar, modificar, quebrar rotina, experimentar novos caminhos e processos, criar novas ligações neuronais, criar novos formatos e definições, viver...

Desrotina !

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"Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema."
Pablo Picasso

imagem: Nick Henderson

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Eric Prydz Vs Floyd - Proper Education

2007/06/22

Novo lookzzzz

Este site vai mudar de look - veja aqui o > novo formato.

2007/06/21

Os novos e horríveis paradigmas

2007/06/19

O Medo


- Tenho medo que me aconteça alguma coisa para aqui, desmaie...fique aqui estendido. Sem ninguém para me ajudar. Tenho medo de ter de pedir ajuda e ninguém me ouvir. Tenho medo de morrer. De ficar fechado, esquecido. Mas mais que isso tenho medo de ficar sózinho. Envelhecer e ficar para aqui sozinho. Sem ninguém. Mas também não me aproximo de ninguém porque tenho medo de ser rejeitado e de falhar. Não ia suportar ser rejeitado. Não suporto essa ideia. É uma sensação horrível a rejeição. E nem sequer tento. Não quero tentar, porque posso falhar. Aliás mal tento...percebo logo que vou falhar. E mesmo que não perceba eu sei que isso vai acontecer. Eu vou falhar. E eu não posso falhar. E assim jogo pelo seguro. Não tento. Frustração ? Eu ? Não a sinto. E mesmo que a sentisse, prefiro-a mil vezes à sensação de falhar. Quem sou eu ? Sou uma partícula de pó. Um pedaço de cinza. Mas engraçado ! Continuo a sentir medo. Será que tenho medo de o deixar de sentir ? E se o deixar de sentir ? Provavelmente irei sentir algo ainda pior. Terror ! Horror ! Não. Não posso deixar de sentir este medo. Este medo mantém-me vivo. Tenho medo de sentir algo pior que este medo e quero tê-lo. Não, não acredito que possa sentir outra coisa melhor que este medo. Isso é tudo mera especulação. Provavelmente, mesmo que sentisse algo diferente seria bem pior que este medo que sinto. Não quero incertezas, quero controlar este medo perto de mim. Quero ter a certeza que o tenho. Porque o conheço e sei como ele é. Não me falem em substituí-lo. Só essa idéia aterroriza-me. Deixem-me com o meu medo. Por favor, não me assustem mais.

E naquele abraço de brisa morna, do parapeito da minha varanda vi a assustada partícula de pó afastar-se, em direcção ao rio tranquilo. Gritando aterrorizadamente satisfeita com o seu medo.

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"Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo."
Mark Twain

Abraça o teu medo e dissolve-o !

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Tears for Fears - "Mad World"
(ver videoclip original - ver videoclip versão de Gary Jules)

Barbie, Action-Man ou a Verdade

2007/06/14

Instinto e Intuição


Dois conceitos bastante diferentes na sua origem e aplicabilidade, mas muitas vezes confundidos, baralhados e por vezes até mal interpretados. Mas isso também não interessa. O que interessa é que eles existem em nós em dimensões e níveis diferentes, respeitados e enriquecedores.
O instinto faz-nos lançar os braços para o chão se cairmos. A intuição faz-nos desviar de algo que não sabemos bem o quê, nem porquê, mas que por certo nos faria cair.
O instinto é educável, a intuição educa-nos. O instinto faz-nos agir, a intuição predispõe-nos. O instinto actua antes de processarmos, a intuição processa sem o percebermos.
São dois níveis fantásticos, quase autónomos, desta nossa fantástica inteligência humana. Recursos moldáveis e utilizáveis em função do nosso equilíbrio emocional.

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"A inteligência é o único meio que possuímos para dominar os nossos instintos."
Freud

"A Intuição é mais Forte que a Razão"
Schopenhauer

2007/06/06

A cor viscosa ou a quadratura do racional


Costumo trabalhar com uma linguagem metafórica, poética e por vezes até desprovida de formatos convencionais, porque sei que as palavras que existem no dicionário e as imagens deste mundo físico são uma ínfima parte daquilo que podemos e conseguimos criar na nossa mente.
Sei que neste nosso magnífico cortex podemos criar cores sorridentes, cavalos alados, corvos protectores, árvores que nos abraçam, pedras falantes, luzes sábias e energias de clarividência. Sei que podemos criar novas palavras e qualidades, novos adjectivos e sinónimos, e sei ainda que quando os criamos eles passam a existir e este nosso ser age em conformidade.
Lembro-me sempre, a propósito disto, da frase de um aluno que depois de um trabalho de visualização mental, com a sugestão de se imaginar a expirar uma cor escura e viscosa que lhe levaria qualquer tensão nervosa e desnecessária, abriu os olhos e me disse: "...mas Mário Rui, as cores não podem ser viscosas !!".
E foi aí que de mim para mim me sugeri, nesse mesmo momento, recordar sempre a importância da poesia em complementaridade à quadratura do racional.

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"Serei um cão, um macaco ou um urso,
Tudo menos aquele animal vaidoso
Que se vangloria tanto de ser racional"
John Wilmot

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The Logical Song - Supertramp
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