2007/10/31

Ansiedade e Angústia

Apesar de muito próximas nas suas definições existem algumas diferenças. A principal é de que alguém se pode sentir ansioso sem se sentir angustiado, mas ninguém se pode sentir angustiado sem sentir ansiedade.
A ansiedade é uma consequência da angústia, mas não só.
Por vezes acontece, pelo facto de a ansiedade ser "residente", o indivíduo sentir-se angustiado sem antes ter experimentado qualquer pico de ansiedade.
Também a nível das sensações físicas características de cada uma a angústia localiza-se normalmente entre o peito e a garganta, enquanto que a ansiedade, mais generalizada, traduz-se em dificuldades de respiração e taquicardia(pulsação acelerada).

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Angústia - Estado psicológico de inquietação, de receio difuso, i.e., sem objecto aparentemente determinado e que pode ser acompanhado de manifestações somáticas como a constrição do torax ou da laringe(neste caso fala-se de globus histericus: sensação de ter um nó na garganta ou corpo estranho na faringe).


Ansiedade - Estado de angústia e de preocupação exageradas(neste caso fala-se de neurose de ansiedade) geralmente sem objecto definido, ao contrário da fobia. A ansiedade está no entanto ligada ao medo, tensão e pode apresentar sintomas como a dispneia(dificuldades na respiração) e taquicardia(pulsação cardíaca anormalmente rápida).

in "Dicionário de Psicologia" Raul Mesquita/Fernanda Duarte - Plátano Editora

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Ansiedade (do Lat. anxietate) s. f., dificuldade de respiração; opressão; angústia; inquietação de espírito; desejo veemente; impaciência.

Angústia (do Lat. angustia) s. f., estreiteza; aperto; limitação de espaço; opressão; aflição; desgosto; tribulação; agonia.


in Dicionário Universal-Texto Editores

"A normalidade do ser humano é ser diferente."

"Não há normalidade no sentido estatístico. A normalidade do ser humano é ser diferente."
José Luís Pio de Abreu - Psiquiatra
(in entrevista ao Diário de Coimbra - ler entrevista completa - tempo de leitura: 3 min.)

"Falta de sono desliga centros do cérebro que controlam emoções"

"Cientistas conseguiram provar neurologicamente por que motivo a falta de sono conduz a um comportamento emocional irracional, com reacções exageradas a experiências negativas, pode ler-se num artigo hoje publicado na revista Current Biology.

Segundo o estudo, a privação de sono "desliga" a região do lóbulo pré-frontal, que normalmente mantém as emoções sob controlo, provocando nos centros emocionais do cérebro uma reacção exagerada a experiências negativas."
(in CiênciaHoje - ler artigo completo - tempo de leitura: 3 min.)

2007/10/30

O mundo num grão de areia

"Para veres o mundo num grão de areia
e o céu numa flor selvagem,
segura o infinito na palma da tua mão
e a eternidade numa hora."
William Blake

(obrigado Marta)

2007/10/29

Pedras de vidro ou telhados de ferro ?


Na minha existência tenho factos de que me orgulho mais do que outros. E naqueles que não me orgulho tanto, pessoas houve que os partilharam comigo, para o bem e para o mal.
Algumas dessas pessoas ficaram no passado com esses mesmos momentos, outras houve que me continuaram a acompanhar.
Desses momentos e daquelas figuras que ficaram no passado, com quem me cruzo de quando em vez, e de outras personagens que ainda me acompanham nesta vida, sinto ocasionalmente autênticos arremessos verbais que procuram aliviar más arrumações na mente dos seus autores.
Outrora sentiria tais arremessos como pedras a quebrarem alegados telhados de vidro meus. Hoje em dia quem os envia poderá ainda senti-los como tal. E fica a aguardar o som dos vidros partidos. O problema - deles, entenda-se - é que eles não ouvem esse som. E a pedra fica a pesar-lhes na mão.
Já experimentei e convidei muitos outros a exercerem as mais fantásticas metáforas sobre estas estranhas circunstâncias. Já imaginei e convidei a imaginar pedras de vidro a baterem em telhados de ferro.
Mas o problema dos telhados de ferro é que não nos deixam ver o céu tão bem, o sol durante o dia e as estrelas pela noite. Por isso entre muitas outras lá vamos experimentando, eu e quem me ouve ou lê, o sentir daquelas pedras de terra ou de areia que entram pelo tecto do nosso jardim - que não tem tecto, porque se tivesse não seria um jardim.

Assim, pelo tecto do nosso jardim sem tecto e sem telhados,
de onde vemos e sentimos bem o céu,
de noite e de dia,
poderão entrar pequenos blocos de pó,
terra ou areia,
que se irão desfazendo ainda mesmo antes de tocarem o chão.
E do pó, da areia ou da terra usaremos o que precisarmos.
Porque também o nosso jardim usará o que precisar dessa matéria.
Para que a vida, a luz e a cor continuem crescendo.

2007/10/26

Desilusões, decepções, ingratidões e outras confusões


A humanidade está cheia de equívocos mentais, perpetuados por uma fraca ou inexistente abordagem clara e acessível às dinâmicas das emoções, sentimentos e pensamentos. Um desses grandes equívocos é a expectativa de gratidão, de retorno ou recompensa quando ajudamos ou apoiamos alguém.
Pensamos nós que ao ajudar alguém, quando precisarmos desse alguém esse alguém estará por lá para nos apoiar. Mesmo que conscientemente não façamos essas contas de dever e a haver, há parte de nós que parece tomar nota dessa nossa dádiva e a expectativa fica. Oh quão confusos, enganados e tristes andamos nós.
Quando cometemos esse ignóbil acto inconsciente estamos a colocar-nos uma grilheta de expectativa que nos vai prender a um passado de acumulados positivos e negativos. E esse acumulado pesa já por si. É um acumulado de aprendizagens e deve ser apenas considerado como tal. Se o usarmos como condicionamento de bloqueio de futuras experiências estamos a criar o terreno para que surjam as tais desilusões, decepções, ingratidões e outras confusões. E isso impede-nos de desfrutar a vida e continuar a aprender.
Se no trânsito damos passagem a alguém que, apesar de não ter prioridade sobre nós, procura sair de uma garagem com o seu carro, esse alguém normalmente aproveita e segue o seu caminho. Se não nos agradecer, arrependemo-nos do que fizemos ? Não o voltamos a fazer porque pensamos que as pessoas são todas umas ingratas, etc. ?
E se um dia mais tarde somos nós a sair de uma garagem, com o trânsito parado, e reparamos que o próximo condutor - aquele a que nós possibilitamos a saída da garagem, dias antes - é aquele que nos pode deixar passar ? E se em vez de nos deixar passar, simplesmente nos ignora ? Ficamos incomodados com isso ? Resmungamos connosco próprios, ressentidos ?
Para quê ?
Nós damos porque gostamos de dar, ajudamos porque gostamos de ajudar, apoiamos porque sim, porque é a nossa natureza, a nossa forma de estar na vida. E independentemente de qualquer prova de gratidão ou recompensa do exterior, há sempre um ser que se sente muito bem com todo este processo: nós próprios.
Poder dar, ajudar ou apoiar é em si uma dádiva. Pessoalmente, considero-me grato por poder dar e isso cria em mim uma dinâmica de dessensibilização em relação a qualquer prova de gratidão. Não preciso que ninguém me agradeça, porque eu próprio já estou grato em poder dar.
Tudo o que vier a mais será abraçado e bem recebido, um sorriso, um obrigado ou um olhar.
E perguntar-me-ão, mas isso não é desgastante ? Dar, apoiar, ajudar por ajudar ?
E eu respondo-vos: se vocês vivem em luz e ajudam alguém a enroscar uma lâmpada ficarão às escuras ?
Por isso dêem, ajudem, apoiem, amem porque sim. Porque há uma parte de vós que se satisfaz, que se ilumina, que vos nutre e torna mais fortes.
E se mais algo vier, como o tal olhar, sorriso ou palavra, abracem-no e recebam-no com toda a gratidão que vos for possível.
Experimentem.

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"Só há felicidade se não exigirmos nada do amanhã e aceitarmos do hoje, com gratidão, o que nos trouxer. A hora mágica chega sempre."
Hermann Hesse

2007/10/22

Um dia todas as campanhas de publicidade serão assim

Um dia vi esta campanha na rua, nesse dia pensei "tenho de colocar esta campanha no blog". O dia passou e eu não pus.
Um dia relembraram-me de a colocar.
Hoje é o dia.




(clique aqui para ver os pacotes de açucar)
obrigado Miguel :)

2007/10/17

Cristalização de pensamentos negativos

Antes de fechar os olhos coloque na sua mente um pensamento negativo.
Segure-o nas suas duas mãos. Pode ter uma textura estranha. Uma densidade diferente. Não se surpreenda com essa situação. É perfeitamente natural.
Também não se vai agarrar às suas mãos, nem subir pelos seus braços.
Esse pensamento irá ficar estranhamente quieto. Até porque não é todos os dias que as pessoas andam por aí a agarrar os seus pensamentos negativos.
De facto, o que vai acontecer é que você vai mesmo surpreender esse pensamento negativo.
Ao surpreender esse pensamento negativo, agarrando-o, irá observar que ele irá começar a ficar mais rígido e frio.
Irá cristalizar.
Deixe-o seguro apenas numa mão. Agarre-o com uma só mão.
Com a sua outra mão posicione o seu rato (o rato deste seu computador), o cursor, sobre a tecla de "play" - não carregue ainda. Coloque apenas o cursor sobre a tecla.
Certifique-se que o som do seu computador está ligado - nem muito alto, nem muito baixo.
Agora...feche os olhos continuando a sentir esse pensamento negativo numa das suas mãos. Rígido, frio, cristalizado.
E depois de fechar os olhos e sentir esse pensamento, a sua textura, na sua mão - clique finalmente na tecla de play.
Uma, duas ou três vezes.

"O Sonho Impossível" Pessoa/Bethania/Buarque



"Eu tenho uma espécie de dever, de dever de sonhar,
de sonhar sempre,
pois sendo mais do que
um espectador de mim mesmo,
Eu tenho que ter o melhor espectáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e músicas invisíveis."

Fernando Pessoa, Livro do Desassossego

2007/10/15

O Sinal

Se estavas à espera de um sinal para fazer aquela coisa especial e positiva que já há algum tempo pensas fazer, aqui está ele: o sinal !

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"O inverosímil em matéria de sentimentos é o sinal mais seguro da verdade."
Léon Tolstoi

2007/10/14

O criador de inseguranças

Na nossa vida existe um personagem estranho, de função ainda mais estranha. É um personagem que nos incomoda, apoquenta, perturba, provoca. Enfim...que nos faz sentir mal, pensamos nós que com alguém.
Pensamos sempre que esse mal-estar que sentimos é provocado para com alguém ou por um alguém. Pensamos nós que este personagem nada tem a ver com o assunto, mas tem.
Mais do que ter a ver com esse assunto...é ele que cria esse assunto e esse mal estar.
Não percebemos bem porque é que esse personagem cria esse mal estar. Provavelmente porque se sente agredido, atacado e reage. E causa-nos esse mal estar.
Aquilo que esse personagem sente é medo. Receia. Não sabe muitas vezes o que receia. Se frustração, se rejeição, se culpa. Mas receia e reage. Contra nós. Para não recear, reage.
E ao reagir, a sua insegurança, que se transfere para nós, não a aceitamos - muitas vezes porque nem a entendemos - projectamo-la.
Projectamos das mais diversas formas. Sendo a agressão uma das muitas possíveis formas de projecção.
Pode pressionar, pode questionar, pode distrair, pode exigir, pode castigar, reprimir - mas aquilo que vai conseguindo, com todas essas possíveis estratégias, não é o entendimento ou a solvência da razão desse mal estar. Aquilo que vai conseguindo é o adiar.
E a dinâmica que se instala é a dinâmica da criação e projecção dessas inseguranças. Uma dinâmica de adiamento ou evitamento. E na sua ignorância essa criatura, e nós próprios com ela, vamos projectando essas inseguranças sobre aqueles que nos são mais próximos ou sobre aqueles que nos vão surgindo na vida. E vamo-nos distraindo.
Um dos primeiros passos para pararmos essa dinâmica, de distracção ou evitamento, é conhecer essa criatura.
Clique aqui para perceber como pode conhecer esse estranho personagem -> objecto de identificação do personagem.

2007/10/13

Tese de Gurdjieff


Tese do pensador greco-arménio Gurdjieff, que no início do século passado reflectia sobre o auto-conhecimento e a importância de se saber viver.
"Uma boa vida tem como base o sentido do que queremos para nós em cada momento e daquilo que, realmente, vale como principal".
Assim sendo, delineou 20 regras de vida que foram colocadas em destaque no Instituto Francês de Ansiedade e Stress, em Paris. Especialistas motivacionais defendem que, quem consegue assimilar 10 delas, concerteza aprendeu a viver com qualidade interna.
Ei-las:
1) Faça pausas de dez minutos a cada duas horas de trabalho, no máximo. Repita essas pausas na vida diária e pense em si, analisando suas atitudes.
2) Aprenda a dizer não, sem se sentir culpado ou achar que magoou. Querer agradar a todos é um desgaste enorme.
3) Planeie seu dia, mas deixe sempre um bom espaço para o improviso, consciente de que nem tudo depende de si.
4) Concentre-se em apenas uma tarefa de cada vez. Por mais ágeis que sejam os seus quadros mentais, você fatiga-se.
5) Esqueça, de uma vez por todas, que você é imprescindível. No trabalho, casa, no grupo habitual. Por mais que isso lhe desagrade, tudo continua sem si, excepto você mesmo.
6) Deixe de ser o responsável pelo prazer de todos. Não é você a fonte dos desejos, o eterno mestre de cerimónias.
7) Peça ajuda sempre que necessário, tendo o bom senso de pedir às pessoas certas.
8) Diferencie problemas reais de problemas imaginários e elimine-os porque são pura perda de tempo e ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes.
9) Tente descobrir o prazer de actos quotidianos como dormir, comer e tomar banho, sem também achar que é o máximo que se consegue na vida.
10) Evite envolver-se na ansiedade e tensão alheias enquanto há ansiedade e tensão. Espere um pouco e depois retome o diálogo, a acção.
11) A família não é você, está junto de si, compõe o seu mundo, mas não é a sua própria identidade.
12) Entenda que princípios e convicções fechadas podem ser um grande peso, a trave do movimento e da busca.
13) É preciso ter sempre alguém em que se possa confiar e falar abertamente ao menos num raio de cem quilómetros. Não adianta estar mais longe.
14) Saiba a hora certa de sair de cena, de retirar-se do palco, de deixar a roda. Nunca perca o sentido da importância subtil de uma saída discreta.
15) Não queira saber se falaram mal de si e nem se atormente com esse lixo mental; escute o que disseram bem, com reserva analítica, sem qualquer convencimento.
16) Competir no lazer, no trabalho, na vida a dois, é óptimo ... para quem quer ficar esgotado e perder o melhor.
17) A rigidez é boa na pedra, não no homem. A ele cabe firmeza, o que é muito diferente.
18) Uma hora de intenso prazer substitui com folga 3 horas de sono perdido. O prazer recompõe mais que o sono. Logo, não perca uma oportunidade de divertir-se.
19) Não abandone as suas 3 grandes e inabaláveis amigas: a intuição, a inocência e a fé!
20) E entenda de uma vez por todas, definitiva e conclusivamente: Você é o que se fizer ser!
(obrigado Manuela)

2007/10/10

A síndrome da montanha


Imagine-se no sopé de uma montanha, que supostamente deveria subir. Olha para o topo da montanha, calcula aproximadamente o esforço que tem de fazer para a subir, e mentalmente a sua criatividade apresenta-lhe vinte razões para não começar a escalá-la agora. Este não é o melhor momento, não apetece, está cansado, tem de recuperar forças, tem de fazer ainda algo antes, etc. etc.
De repente olha para um dos seus lados e vê mais outras vinte montanhas que o convidam, quase provocam. Outro argumento rapidamente se coloca na sua mente. Aquela montanha que tem à sua frente não é provavelmente a mais prioritária, mas sim talvez aquela mais a norte ou aquela outra a oeste.

E à lista dos argumentos é acrescentada uma montanha de outros argumentos para não subir aquela montanha. Fica parado entre os sopés das várias montanhas que o rodeiam. Talvez à espera que as suas pernas ganhem vida própria e comecem elas uma escalada que não lhe apetece. Mas elas muito dificilmente tomarão essa iniciativa.

Nesse momento o seu olhar não se concentra no topo da montanha mas naquilo que lhe parece ser um trilho, num caminho para o topo. Aproxima-se e repara em alguns outros pormenores desse caminho, como pontos de apoio. E tudo lhe indica que essa parece ser uma boa forma de chegar ao topo. Não olhando para o topo, repara igualmente em mais dois outros caminhos, e decide-se por um.

Inicia a sua subida, desfrutando da caminhada. Quase com um sorriso.
Sente-se mais próximo do céu, mais leve, até que decide olhar finalmente para o topo dessa montanha mas não o vê.
Olha à sua volta, para cima, mas não o consegue perceber. Apenas repara num importante pormenor, todos os topos das outras montanhas que o rodeavam estão agora ao seu nível.
E sorri.

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"No perfume das flores de ameixa, O sol de súbito surge -Ah, o caminho da montanha!"
Matsuo Bashō (poeta japonês - séc.XVII)

TSF-Entrevista a José Luis Pio Abreu

Seremos quem queremos ser ou podemos ser outros? É a questão a que o psiquiatra José Luís Pio Abreu quer ajudar a dar resposta no livro «Quem nos faz como somos» é o ponto de partida para a conversa com Carlos Vaz Marques.

Clique para ouvir
1ª parte da entrevista

2ª parte da entrevista

3ª parte da entrevista

(obrigado ao Quiet Joseph)

2007/10/06

Direito à Irracionalidade


Não somos máquinas. Somos uma versão avançada ou evoluída de uma espécie animal. Somos carne, sangue, osso, energia, alma...
Somos seres especiais que aprendemos e crescemos. Mesmo que não o sintamos, nem sempre fazemos o melhor para nós ou para os outros. Duvidamos, questionamo-nos, zangamo-nos, hesitamos. Pairamos indecisos, gritamos. E por vezes, sabe tão bem...
Temos um direito inquestionável à irracionalidade. Um direito que vem com uma séria e enorme responsabilidade.
A responsabilidade de limitarmos essa irracionalidade no tempo e reenquadrá-la, convertendo a sua energia numa fantástica força criadora e de reposição de equilíbrio. De crescimento.

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"Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente.
Não ousar é perder-se."
Soren Kierkegaard

2007/10/05

Reencontro



Encontrados abandonados quando eram crias, estes leões foram adoptados por dois rapazes. Quando cresceram, foram deixados na floresta para que se readaptassem à vida selvagem. Um ano depois, os dois rapazes vieram ao local onde os haviam soltado, para dar uma olhadela e, talvez, ver como eles estavam. Este "clip" é do reencontro dos leões com seus pais adoptivos...
(não tem som)

(obrigado ao Quiet Joseph)

2007/10/03

Sozinho e bem acompanhado


Existe um mito, não sei se urbano se universal, de que a felicidade de alguém só é encontrada depois de esse alguém encontrar um outro alguém e que - e aí reside a grande e equívoca questão - só com esse alguém a felicidade será realmente vivida.
Não duvido que este formato também funcione - o formato de felicidade a dois - e conheço muito boa gente que encontrou a sua cara-metade, uns mais cedo do que outros. Mas nem sempre é assim. Este formato de felicidade a dois é apenas um de muitos outros formatos possíveis de felicidade. E não só. Ao longo da nossa vida provavelmente sentiremos também que diferentes formatos vão funcionando de uma forma melhoradamente diferente.
Acima de tudo, e independentemente de qualquer formato, haverá sempre um alguém com quem é inevitável termos de nos sentir muito bem e felizes. Sem estarmos bem com esse alguém a tarefa tranquila de sermos felizes é muito mais dificultada.
É por isso que mais do que pensarmos que possamos estar sozinhos e tristes quando não estamos com um alguém especial, é importante sempre lembrar que nesses momentos "sozinhos" estamos acompanhados de um alguém muito especial : nós próprios.
A verdade é que nunca estamos sozinhos - para além de sermos crentes ou ateus - há sempre alguém que deveremos aprender a amar especialmente nesses momentos, aquele alguém que vemos reflectido no espelho.
A partir daí estamos prontos para sermos felizes de muitas maneiras.

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"O nosso verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar de inteligência sobre nós próprios ."
Marguerite Yourcenar

2007/10/01

Muito riso, muito siso


Alguém me disse uma vez, quando eu tinha 10 anos, que ria demais. Que mostrava demais os dentes. Que devia ter juízo. Muito riso, pouco siso. E outras aberrações do género.
Não me lembro do nome de tal criatura. Criatura pouco habilitada decerto e pouco dada ao saber de que a felicidade e o sorriso de uma criança é uma flor que se cuida e se faz crescer. Que ajuda a trazer luz a este mundo.
Aquela era apenas uma criatura estranha, que ecoava o que outrora alguém lhe havia dito, e de quem já nem lembro o nome. Não porque não quero, mas apenas porque depois dela já sorri e ri tanto que lhe amareleci a foto da memória e o nome escrito a lápis de má qualidade se apagou.
Hoje muitas vezes em frente a tristes carrancudos, também muitas vezes me lembro das tristes palavras dessa pobre criatura, que de memória não será merecedora mas de compaixão sim, certamente.
E perante esses pobres tristes carrancudos - grupo no qual me insiro de vez em quando - não sorrio nem me rio sozinho - sorrimos e rimos os dois: eu e o Mário de 10 anos. Juntos num abraço de gargalhadas.

(obrigado Ana)

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"Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror."
Charlie Chaplin