2007/11/30

"(I can´t get no) Satisfaction" - versão de PJ Harvey e Bjork

2007/11/27

Para análise (I)

“A felicidade não depende do que nos faz falta, mas do bom uso que fazemos do que temos.”
Thomas Hardy (escritor e poeta britânico, 1840-1928)

---
análise - do Gr. análysis, dissolução - s. f., - decomposição de um todo em partes; exame de cada parte de um todo; processo filosófico por meio do qual se sobe dos efeitos às causas, do particular ao geral, do simples ao composto; crítica de uma obra.
(in Dicionário Universal - Texto Editores)

---

Sugestão Rádio da Semana: Cantos Gregorianos
(clique para ouvir)

2007/11/26

Janela Amazónica

A culpa da perfeição


- E porque te sentes culpado ? - perguntou Aylun.
- Porque devia ter feito melhor. Isto não está bem... - respondeu o jovem artesão.

Karh aprendia o ofício das armas com Aylun, mas naquele dia o velho mestre surpreendeu-o a meio da manhã olhando-o para uma lâmina. Recriminando-se por não a ter malhado como o mestre lhe havia ensinado.
- Mas Karh, não fiques parado. Em vez de te recriminares por uma má lâmina durante tanto tempo, já poderias ter feito duas boas espadas.
- Mestre, que mal há em buscar a perfeição ? Em esperá-la ?
- A perfeição não existe Karh. Apenas o bom. E de cada vez que fizeres uma boa espada, aprenderás a fazer dez outras ainda melhores. Mesmo depois de um dia saires desta terra para junto de Odin, a tua última ou a tua melhor espada não terá sido a perfeita.
- E todo este meu esforço de fazer a lâmina e a espada perfeita, tem sido em vão ?
- Não Karh, a espada perfeita deverás vê-la ser empunhada por Odin. E é para essa que tu vais aprendendo. Nesse momento e só nesse momento serás o culpado da perfeição e do sorriso de Odin.

in "O Livro das Virtudes Construídas" - Mário Rui Santos

Predisposições genéticas


É cada vez mais comum ouvir-se a expressão "predisposição genética" e é também importante relembrar que, pelo facto de existir uma predisposição genética, não significa esta, em si, uma condenação antecipada.

Se predisposições genéticas ocorrem para coisas menos simpáticas como a calvície, obesidade, diabetes, depressão, etc. etc. muitas outras existem com sentidos bem mais interessantes. Assim, temos predisposições genéticas para sermos felizes, para sentirmo-nos bem connosco próprios, para resistir e ultrapassar adversidades, para criar, para sorrir, etc. etc.

Uma das predisposições genéticas que menos se fala é a da predisposição para valorizar os elementos positivos da vida de cada um. É um gene estratégico, ela existe, e convém não a reprimir. Se a reprimirmos ela não só se colocará ausente da nossa vida como deixará de fazer parte do nosso legado genético.
Deixar fluir essa valorização das situações positivas, mesmo que por vezes insignificantes (ex.: o sol da manhã, o sorriso das crianças do vizinho, o pássaro que pousou na janela do escritório, etc.) é a melhor estratégia preventiva.

2007/11/23

A perspectiva das perspectivas


Para além de qualquer outra perspectiva que já possuas sobre a perspectiva da realidade que te rodeia, lembra-te que se essa perspectiva não for a que te faz sentir melhor enquanto ser humano, tens sempre a possibilidade de escolher uma outra perspectiva: a perspectiva de construires as perspectivas que te fizerem sentirem melhor como tal.
Porque a realidade não existe, mas sim e apenas a tua perspectiva dessa mesma realidade.

E com essa perspectiva de construires perspectivas, abres a janela a uma outra forma de ti, de seres e de cresceres.

(imagem: Muchacha en la ventana (Girl in the window), 1925 - Salvador Dali)
---

Excerto do filme "A vida é bela"
- um dos mais belos filmes sobre "perspectivas"

Bebés conseguem julgar os outros e preferem as pessoas boas (artigo)

Através da análise do comportamento de bebés com idades entre os seis e os 10 meses perante fantoches, a equipa liderada por Kiley Hamlin, do departamento de psicologia da Universidade de Yale, em New Haven, Connecticut, descobriu que os bebés com meio ano de vida já são capazes de julgar se os outros foram bons ou maus, mesmo que o acontecimento não os afecte directamente.

(in CiênciaHoje - ver artigo completo)

2007/11/21

Atreve-te !


---
"No outro lado de cada medo está a liberdade."
Marilyn Ferguson

Magia


Era uma vez um jovem príncipe que só não acreditava em três coisas. Não acreditava em princesas, ilhas ou em Deus. O seu pai, o rei, dissera-lhe que essas coisas não existiam. No reino do seu pai, não haviam ilhas, princesas e nenhum sinal de Deus. O jovem príncipe acreditava no pai.

Um dia, o príncipe fugiu do palácio para o país vizinho. Lá, para sua surpresa, de toda a costa ele avistou ilhas e, nestas ilhas, estranhas criaturas cujo nome ele nem sequer imaginava.

Enquanto procurava um barco, um homem em trajes de gala aproximou-se dele na praia.
- Aquelas ilhas são reais? - perguntou o jovem príncipe.
- Claro que são reais! - respondeu o homem em trajes de gala.
- E aquelas estranhas e perturbadoras criaturas?
- São todas princesas autênticas e genuínas.
- Então, Deus também deve existir! - exclamou o príncipe.
- Eu sou Deus. - replicou o homem em trajes de gala, curvando-se em reverência.

O jovem príncipe voltou para casa o mais depressa que pôde.
- Então estás de volta - exclamou o seu pai, o rei.
- Eu vi ilhas, vi princesas, eu vi Deus! - disse o príncipe acusadoramente.

O rei permaneceu impassível.
- Não existem ilhas, nem princesas, nem um Deus de verdade.
- Eu vi-os!
- Diz-me como Deus estava vestido.
- Deus estava em trajes de gala.
- Estavam as mangas do casaco arregaçadas?
O príncipe lembrava-se de que estavam. O rei sorriu.
- Esse é o uniforme de um mágico. Foste enganado.

Com isso o príncipe regressou à terra vizinha e foi até à mesma costa, onde mais uma vez encontrou o homem em trajes de gala.
- Meu pai, o rei, disse-me quem tu és... - disse o jovem príncipe indignado.
- Enganaste-me da última vez, mas não o farás novamente. Agora sei que aquelas não são ilhas, nem princesas de verdade, porque tu és mágico.

O homem na praia sorriu.
- És tu quem está enganado, meu menino. No reino do teu pai há muitas ilhas e muitas princesas. Mas estás sob a magia de teu pai e por isso não podes vê-las.
O príncipe regressou a casa, pensativo, e quando viu seu pai olhou-o nos olhos.
- Pai, é verdade que não és um rei de verdade, mas apenas um mágico?

O rei sorriu e arregaçou as mangas.
- Sim, meu filho, sou apenas um mágico.
- Devo saber a verdade, a verdade acima da magia.
- Não há verdade acima da magia - disse o rei.

O príncipe encheu-se de tristeza e disse:
- Vou matar-me.

O rei, por magia, fez a morte aparecer. A morte ficou em pé junto à porta e acenou para o príncipe. O príncipe estremeceu. Ele lembrava-se das belas, mas irreais ilhas e das irreais, porém belas, princesas.
- Muito bem - disse ele. - Posso viver com isso.
- Vês, meu filho. - disse o Rei - Agora também tu começas a ser mágico.

The Magus, © John Fowles, Jonathan Cape, 1977
---


Queen - "It´s a kind of magic"

2007/11/19

Abre os olhos


Snow Patrol - "Open your eyes"

"A nossa vida é aquilo que os nossos pensamentos fizerem dela."
Marco Aurélio

2007/11/16

"Algumas crianças gostariam que os seus pais fossem uns animais"

2007/11/14

Ecologia dos desejos


Se por um lado confio na sabedoria deste Universo que transcende este meu conhecimento provisório e mutante, por outro lado aprendo e me lembro cada vez mais de colocar nos meus objectivos o equilíbrio e a harmonia deste sistema que me envolve.
Assim, quando trabalho, ou quando faço visualizações e me coloco no caminho para os meus objectivos, peço também o inerente equilíbrio e bem-estar para as pessoas e circunstâncias envolvidas nesses meus projectos.

Chamo a isto a ecologia dos desejos. E com isto sei que não só o meu caminho será tranquilo e eficaz, como também sei que o equilíbrio e o bem-estar de quem me acompanha, ou com quem me cruzo nesse caminho, estarão contemplados.

Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?


Esta velha angústia,
Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pasadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.
Transbordou.

Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que…,
Isto.

Um internado num manicômio é, ao menos, alguém,
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio.
Estou doido a frio,
Estou lúcido e louco,
Estou alheio a tudo e igual a todos:
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura
Porque não são sonhos.

Estou assim…

Pobre velha casa da minha infância perdida!
Quem te diria que eu me desacolhesse tanto!
Que é do teu menino? Está maluco.
Que é de quem dormia sossegado sob o teu tecto provinciano?
Está maluco.

Quem de quem fui? Está maluco. Hoje é quem eu sou.
Se ao menos eu tivesse uma religião qualquer!
Por exemplo, por aquele manipanso
Que havia em casa, lá nessa, trazido de África.
Era feíssimo, era grotesco,
Mas havia nele a divindade de tudo em que se crê.

Se eu pudesse crer num manipanso qualquer -
Júpiter, Jeová, a Humanidade -
Qualquer serviria,
Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?

Estala, coração de vidro pintado!

Álvaro de Campos

2007/11/13

A felicidade e o formigueiro


Ter a certeza do formato certo da felicidade é como ter a certeza do número de formigas que existem num formigueiro, depende sempre de quem conta.

"Deu-lhe o amoque !"


Já ouviram com certeza esta expressão atribuída a alguém que não estaria nas suas melhores condições psicológicas.
O que provavelmente não saberão é que este "amoque" é, de facto, um "amok".

"Amok" é a palavra malaia que significa "louco de raiva". Muitas vezes usada de forma coloquial e em contexto menos violento, esta expressão define um comportamento sociopata em que um indivíduo, sem qualquer antecedente de violência, se mune de uma arma e tenta ferir ou matar alguém que apareça à sua frente. Estas crises de "amok" eram normalmente "curadas" com a morte do indivíduo em causa.

Agora !

Direitos das injustiças


Quem vive corre sempre o risco de ouvir verdades ou injustiças - quem ouve verdades aprende, agradece e cresce; quem ouve injustiças tem sempre o direito de ignorar, discordar ou clarificar.

Quem ouve ou sente injustiças tem sempre o direito de não resignar.

Incómodos falados


Uma das boas formas de nos libertarmos de um incómodo que alguém nos causou não será tanto responder de uma forma assertiva ao que nos foi dito ou feito. Será mais do que isso. Será converter essa energia que nos foi arremessada e devolvê-la de uma forma positiva e construtiva ao elemento que a originou .
Contribuindo para o seu bem-estar e crescimento enquanto pessoa.

Na transformação dessa energia, mostramos a nós e aos outros a verdadeira face do sentido desta vida, desta viagem, desta aprendizagem.

2007/11/12

O sábio samurai


Conta-se que perto de Tóquio vivia um grande Samurai. Já com uma certa idade, ele dedicava-se então a ensinar o Zen aos jovens. Apesar da sua idade, corria a história de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.

Certa tarde apareceu por ali um jovem guerreiro conhecido pela sua total falta de escrúpulos. Era famoso por usar a técnica da provocação e da humilhação.
Utilizando as suas habilidades para provocar, esperava que o seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de inteligência e agilidade, contra-atacava com velocidade fulminante.
Este jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta.

Assim que soube da reputação do velho Samurai, propôs-se a não sair dali sem antes derrotá-lo e aumentar sua fama.
Todos os discípulos do Samurai se manifestaram contra a ideia, mas o velho mestre aceitou o desafio.

Foram todos para a praça da pequena cidade e diante dos olhares espantados, o jovem guerreiro começou a insultar e a provocar o velho mestre.
Chutou algumas pedras na sua direcção, cuspiu no seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo os seus ancestrais.

Durante horas fez tudo para provocá-lo mas o velho mestre permaneceu sereno e impassível.

No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.

Desapontados pelo facto de o mestre ter aceitado calado tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram:
- Como é que senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, em vez de mostrar-se cobarde diante de todos nós?

O sábio ancião olhou calmamente para os alunos e, fixando o olhar num deles perguntou-lhe:
- Se alguém chega até si com um presente que lhe oferece mas você não o aceita, com quem fica o presente?
- Com quem tentou entregá-lo, respondeu o discípulo.
- Pois bem, o mesmo vale para qualquer outro tipo de provocação e também para a inveja, a raiva, e os insultos, disse o mestre. Quando não são aceites, continuam pertencendo a quem os carregava consigo.

(autor desconhecido)

2007/11/11

"Calling all angels" - Lenny Kravitz

2007/11/10

Instruções para lidar com medos


Se tens medos, segue as instruções:
1-escolhe o medo mais importante
2-vê-o bem, na tua mente, ou realmente
3-vira-te para ele
4-flecte os joelhos
5-abre-lhe os olhos
6-prepara-te para bater várias vezes no peito, nos braços, nas pernas
7-prepara-te também para saltar, bater com os pés no chão e deitar a língua de fora
8-começa a mostrar-lhe a tua voz mais alta e grave, dizendo-lhe algo como: (coreografia por tua conta)

Ka mate Ka mate
É a morte É a morte

Ka ora Ka ora
É a vida É a vida

Ka mate Ka mate
É a morte É a morte

Ka ora Ka ora
É a vida É a vida

Tenei Te Tangata Puhuruhuru
Este é o homem do cabelo grande
(o chefe tribal)

Nana i tiki mai whakawhiti te ra
Que fez com que o Sol brilhasse de novo para mim

Upane Upane
Subindo Subindo

Upane Kaupane
Até ao topo

Whiti te ra
E o Sol brilha!

(ver video explicativo)


9-se depois disto o medo ainda estiver à tua frente, repetir os passos acima.

2007/11/09


"O exílio, de alguma forma, serviu-me de ajuda. Quando, em determinado momento de nossas vidas, passamos por uma tragédia de verdade – o que pode acontecer com todos nós – podemos reagir de duas maneiras diferentes.
Evidentemente, uma delas é perdermos as esperanças ou nos entregarmos ao álcool, às drogas ou a uma tristeza interminável.
A outra alternativa é o despertar de nós mesmos, é descobrir uma energia que estava escondida e passar a agir com mais lucidez e mais força."

- Tenzin Gyatso (actual Dalai Lama) em O Livro de Dias, Sextante

(imagem: www.dharmanet.com.br )


2007/11/07

O teu problema tem solução ?


"Se o teu problema tem solução, porque que é que te preocupas ?
Se não tem, porque é que te preocupas ?"

Provérbio Chinês
---

Midge Ure - "Breathe"

Visualização Criativa (artigo)

"Muitos de nós nos perguntamos: o que é visualizar? É como sonhar, meditar, ou algo parecido com hipnose, ou experiência mística, ou religiosa? Bem, a definição de visualização criativa é: a criação consciente intencional de impressões sensoriais mentais, tendo em vista a transformação."
Sandra Ornelas Nunes
(in Azores Digital - ver artigo completo)

O sofá da procrastinação (Reebok)



procrastinação
do Lat. procratinatione
s. f.,
acto ou efeito de procrastinar; adiamento; delonga.
---
procrastinar
do Lat. procrastinare
v. tr.,
deixar para o dia de amanhã; adiar; protelar; demorar; espaçar; deferir;
v. int.,
usar de delongas.

2007/11/05

Stress e Alzheimer

Vida com stress contribui para o desenvolvimento da doença de Alzheimer
(in CiênciaHoje - artigo em inglês)

Condição para a coragem


É frequente eu ouvir dizer por parte de algumas pessoas com quem trabalho algo como: "não tenho coragem para fazer isso". Muito frequente.
Mas é interessante constatar a coragem que têm para sofrerem as consequências de não o fazerem. São os corajosos silenciosos.
Os corajosos que preferem ir sofrendo em silêncio, infligindo a si próprios as consequências de não agirem para a mudança.
Corajosos que têm a força de vontade para aceitar em silêncio aquilo que os incomoda. Que têm o poder de "engolir" em alternativa à acção, de fazer aquilo que alegadamente fará sofrer outra pessoa. Embora, provavelmente, continuem perpetuando sofrimentos, deles e de outros.
Corajosos que têm a "bravura" de projectar as suas frustrações em outros que nada têm a ver com a fonte dessas mesmas frustrações.
Corajosos que preferem ficar doentes porque reprimem sentimentos, porque a alternativa seria falar sobre algo que poderia incomodar alguém.
Corajosos que preferem tolerar em vez de chamar a atenção para algo que não está bem.
Corajosos que preferem criticar em vez de sugerir o que se pode fazer melhor.

A coragem é uma qualidade inata, que normalmente usamos da forma mais exigente: contra nós próprios.
Usá-la para o nosso bem e para o bem de quem nos rodeia é um exercício libertador, que nos responsabiliza mas que também nos torna mais felizes, mais atentos à vida e às coisas boas que ela tem para nos dar.
A coragem está na nossa matriz, no nosso ser, nas nossas células, mas enganamo-nos muitas vezes na sua utilização. E esforçamo-nos nesse erro.

É por isso que aquele que durante grande parte da sua vida sofreu em silêncio, tem as condições para falar sem gritar.
Aquele que aceitou, pode mudar.
Aquele que se sente frustrado, pode criar e produzir o bem.
Aquele que fica doente por reprimir os sentimentos, pode falar e ter as condições para estar saudável.
Aquele que tolerou, pode chamar a atenção.
Aquele que criticou, pode sugerir e ajudar a construir.
Aquele que usou a sua coragem contra si próprio, pode usá-la por si de uma forma libertadora.

Aquele que durante anos se esforçou para exercer a sua coragem contra si próprio, tem a condição e a responsabilidade para a deixar fluir por si e pelo seu bem-estar.

---
"DEUS concede-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar
A coragem para mudar as coisas que posso
E a sabedoria para saber a diferença."

Reinhold Niebuhr

A depressão crónica da minha sogra


Há uns tempos atrás a minha estimada sogra, de quem gosto muito (mesmo, não estou a ser sarcástico), foi ao seu médico de clínica geral para uma das suas consultas periódicas. Nesse mesmo dia encontrei-a e ouvi atentamente um dos fantásticos diagnósticos que o seu médico lhe havia feito: "a senhora está com uma depressão crónica".
Fiquei de boca aberta, primeiro. De seguida pensei que ela talvez se tivesse enganado nas palavras. Avaliei mentalmente a sua lucidez, sobre a qual não tenho dúvidas, e questionei-a novamente ao que ela me respondeu: "depressão crónica".
-Incrível, disse-lhe eu, o seu médico acabou de a condenar a ficar deprimida para o resto da vida.
Esta história passou-se já há algum tempo e nessa altura não sabia o que sei hoje, e como tal tive o cuidado de confirmar este diagnóstico e a expressão utilizada. De facto, como vim a confirmar, nesse momento era um diagnóstico que alguns clínicos começavam a apresentar aos seus pacientes. Mas o problema é que este "crónica" desta "depressão" não é para toda a vida. Embora o médico que apresenta assim este diagnóstico a um paciente, sem qualquer informação complementar, parece dar a entendê-lo.
A verdade é que para ser considerada depressão crónica (leve ou distimia) bastará o paciente apresentar determinados sintomas recorrentes durante um período de dois anos. Não quer este diagnóstico indicar, ao contrário do que surge conotado com o termo crónico, que o paciente padecerá de depressão até ao fim da sua vida.
No entanto, em cerca de 20 por cento dos casos torna-se mesmo uma doença crónica sem remissão. Estes casos devem-se, fundamentalmente, à falta de tratamento adequado.

(fontes: Pfizer e Portal da Saúde-Ministério da Saúde)
imagem: "Sad Woman" de Gilli Moon

2007/11/04

O velho da fronteira que perdeu o seu cavalo


Um velho, que morava numa aldeia fronteiriça, perdeu o seu cavalo.
Os vizinhos foram consolá-lo, mas o velho disse-lhes com toda a tranquilidade:
- Não se preocupem, meus bons vizinhos. Realmente perdi o meu cavalo; mas quem sabe se esta perda não será uma graça?
Ninguém percebeu o que o velho homem queria dizer com aquelas palavras.
Alguns meses depois, o cavalo voltou a aparecer em casa do dono, e vinha acompanhado de duas belas éguas, que o tinham seguido quando regressara.
Os vizinhos foram, então, felicitar o velho, mas este, sem revelar qualquer euforia perante o sucedido, respondeu-lhes:
- Ganhei, de facto, alguns cavalos, mas isso também pode vir a significar uma desgraça.
Passado algum tempo, o filho único do velho, quando montava uma dessas éguas, caíu e partiu uma perna, ficando imobilizado como resultado desse acidente.
Os vizinhos foram, mais uma vez, consolar o velho, mas este, com toda a calma, disse-lhes:
- Obrigado, meus bons vizinhos; mas o infortúnio do meu filho pode vir a ser uma graça.
Pouco tempo depois o país entrou em guerra. Todos os jovens da aldeia foram chamados a combater, e a grande maioria morreu no campo de batalha. O filho único do velho, porém, fora dispensado de participar no combate. Escapara, assim, à desgraça.
Desde então, e até aos nossos dias, na China, quando acontece uma desgraça a alguém, conta-se esta pequena história d´"O velho da fronteira que perdeu o seu cavalo" para o consolar. Quem sabe se a perda não será uma graça?

(história narrada no livro chinês Huai Nan Zi, obra publicada no século I a.C.)
imagem: símbolo do zodíaco chinês (Cavalo)