2008/07/28

O ciclo das experiências - a dor e o prazer

As experiências de vida podem causar-nos, entre outras sensações ou sentimentos, uma sensação de dor ou uma sensação de prazer.
As sensações de dor têm o seguinte ciclo:


Experiência->Dor->Ressentimento->Reenquadramento->Aceitação->Gratidão->Crescimento.

Muitas pessoas, face às experiências de dor (perdas, rupturas, rejeições, decepções, desilusões, frustrações, agressões, etc...) prolongam para além do que lhes é saudável a sua permanência num nível de ressentimento, prorrogando as suas condições de vítima ou culpado face à experiência. A verdade é que grande parte fica bloqueada nesse primeiro nível de processamento.

O processo de reequilíbrio retoma-se quando a pessoa consegue finalmente reenquadrar a experiência e a dor, valorizando o que há de posítivo a valorizar e a classificar como aprendizagem tudo o que de menos positivo há em relação a essa experiência. Ou seja, mesmo que aparentemente não exista nada de positivo a valorizar há algo bastante enriquecedor no processo: a informação, a aprendizagem, o próprio processo em si. Que contribuem directamente para o crescimento do indivíduo e para o desenvolvimento humano.

No entanto, este primeiro nível de reenquadramento, deverá ser feito com o cuidado de preparar o sujeito não para uma vivência de acautelamento ou traumatizada (que poderia comprometer o desfrutar de novas experiências), mas para uma postura de contemplação e total usufruto das novas experiências. Sem medos e com uma natural segurança acrescida.

Depois de reenquadrar a experiência e a dor, a pessoa começa finalmente a aceitar essa experiência como uma experiência de vida e não como um sofrimento, passando - após algum tempo - a demonstrar mesmo alguma gratidão por essa mesma experiência.

Esse é o nível em que o ser humano se liberta e cresce. Subindo mais um degrau.

---

Em relação às experiências de prazer, o ciclo é de alguma forma semelhante embora com outras valências emocionais:
Experiência->Prazer->Consolidação->Partilha->Gratidão->Crescimento

Também nesta dimensão, é curioso verificar como alguns de nós se mantém num baixo nível de usufruto de prazer - ignorantemente satisfeitos, num desconhecimento dos restantes níveis de evolução da condição humana. Numa sequência em que a consolidação surge como alternativa ao ressentimento e a partilha em paralelo à aceitação, numa comparação com a experiência de dor.

O ser humano é tão maravilhosamente simples na sua complexa diversidade :)

(in "A hipnose dos nossos dias" de Mário Rui Santos)

2008/07/24

"Kiss Me" -David Fonseca

2008/07/21

Vítima ou Culpado


Uma das dualidades inconscientes em que vivemos perante as experiências de vida menos simpáticas é esta : entre sentirmo-nos vítimas ou culpados.
É uma tendência estranha e sofridamente simplista que nos vão condicionando a ter.
Assim, quando terminamos uma relação a arrumação primitiva que nos surge é esta de nos sentirmos vítimas ou culpados em relação ao ex-companheiro/a ou à forma como investimos emocionalmente na relação, etc.
Quando mudamos de emprego, quando mudamos de casa, quando tomamos uma decisão importante na nossa vida, quando nos acontece algo menos positivo, etc... a tendência básica é de nos "arrumarmos" como vítimas ou culpados.
E mais, se não o fizermos desta forma, podemos ser acusados de insensíveis.
Se em alternativa, perante algo que nos acontece, reagimos com uma postura de observador tranquilo, que aprende, que muda ou aceita e que cresce, instalamos uma dinâmica de libertação na nossa vida.
Uma dinâmica que nos liberta mas que - ao mesmo tempo - nos traz alguma responsabilidade: a responsabilidade de nos tornarmos mais sábios.

Relembro a propósito disto a sábia oração/meditação de
Reinhold Niebuhr :
"DEUS concede-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar
A coragem para mudar as coisas que posso
E a sabedoria para perceber a diferença."

2008/07/16

Remorsos, ressentimentos, recalcamentos e outras reciclagens necessárias


Limpe os remorsos e substitua por aprendizagens, apague os ressentimentos e pinte bons presságios, liberte os recalcamentos e preencha esses espaços com luz, vida e cor.
Recicle, converta, transforme, reequilibre...o seu ser físico e mental agradecer-lhe-á com um sorriso de orelha a orelha.


(in "Hipnose Prática" de Mário Rui Santos)

2008/07/07

Viagem

Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos.)

Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.

Miguel Torga