Na minha existência tenho factos de que me orgulho mais do que outros. E naqueles que não me orgulho tanto, pessoas houve que os partilharam comigo, para o bem e para o mal.
Algumas dessas pessoas ficaram no passado com esses mesmos momentos, outras houve que me continuaram a acompanhar.
Desses momentos e daquelas figuras que ficaram no passado, com quem me cruzo de quando em vez, e de outras personagens que ainda me acompanham nesta vida, sinto ocasionalmente autênticos arremessos verbais que procuram aliviar más arrumações na mente dos seus autores.
Outrora sentiria tais arremessos como pedras a quebrarem alegados telhados de vidro meus. Hoje em dia quem os envia poderá ainda senti-los como tal. E fica a aguardar o som dos vidros partidos. O problema - deles, entenda-se - é que eles não ouvem esse som. E a pedra fica a pesar-lhes na mão.
Já experimentei e convidei muitos outros a exercerem as mais fantásticas metáforas sobre estas estranhas circunstâncias. Já imaginei e convidei a imaginar pedras de vidro a baterem em telhados de ferro.
Mas o problema dos telhados de ferro é que não nos deixam ver o céu tão bem, o sol durante o dia e as estrelas pela noite. Por isso entre muitas outras lá vamos experimentando, eu e quem me ouve ou lê, o sentir daquelas pedras de terra ou de areia que entram pelo tecto do nosso jardim - que não tem tecto, porque se tivesse não seria um jardim.
Assim, pelo tecto do nosso jardim sem tecto e sem telhados,
de onde vemos e sentimos bem o céu,
de noite e de dia,
poderão entrar pequenos blocos de pó,
terra ou areia,
que se irão desfazendo ainda mesmo antes de tocarem o chão.
E do pó, da areia ou da terra usaremos o que precisarmos.
Porque também o nosso jardim usará o que precisar dessa matéria.
de onde vemos e sentimos bem o céu,
de noite e de dia,
poderão entrar pequenos blocos de pó,
terra ou areia,
que se irão desfazendo ainda mesmo antes de tocarem o chão.
E do pó, da areia ou da terra usaremos o que precisarmos.
Porque também o nosso jardim usará o que precisar dessa matéria.
Para que a vida, a luz e a cor continuem crescendo.
Comentários
Por mim...os telhados seriam abolidos fossem de vidro, de ferro, de cimianto, de zinco...
mas não só os telhados, mas também, as paredes, os muros, as portas...as grades, as algemas...
Bom, parece que "já são sonhos a mais", como canta Rui Veloso...
Beijinhos
betania
O garimpeiro vê a sujeira durante todo o dia mas está focado no ouro que procura.
A sujeira, deixa de lado...
É isso o que u faço nessa minha humilde vida.
:-)
e porque eu não sou tu e tu não és eu... opsss
:)
Xi