2012/10/02

O fado de não gostar de fado


"Não gosto de fado!" - dizia-me alguém hoje no café. Já não sei bem a propósito de quê... Ouvi, calei e engoli a "bica". E por ali ficou aquele desgosto partilhado, e por ali ficaria se não fosse o curioso "acaso" de alguém na hora seguinte me oferecer um CD de fado do Camané.
 

Foi aí que a minha criativa mente brincalhona foi 
buscar a conversa de hoje de manhã, pensando nesta nossa estranha dinâmica de generalizarmos.
Tudo generalizamos, tudo emprateleiramos, tudo categorizamos, em A, B, C ou D. Mas de preferência só em A ou B, em sim ou "sopas", em ou vai ou racha, preto no branco, zeros ou uns...

Como se quisessemos abdicar da fantástica capacidade de olhar mais fundo e criar subcategorias ou especificidades. Ou como se quisessemos pertencer também nós a uma categoria: a categoria dos que gostam ou dos que não gostam, de A ou de B.

Tantas vezes eu próprio caio nesta armadilha de me catalogar ou catalogar os outros ou as coisas.
Que tramada armadilha é esta que por vezes nos impede de ver melhor.
De ver melhor, e de nessas alturas encontrarmos coisas de que afinal até gostamos.

E eu? Se gosto de fado?
Gosto de algum. De outro nem tanto.
Mas nesse outro talvez um dia encontre algum que fique a gostar mais ou tanto como aquele de que já gosto.

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