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A larva


"No fundo de um velho charco vivia uma colónia de larvas que estranhava algo que há muito tempo acontecia: sempre que uma delas subia à superfície, pelo caule de um dos lírios, desaparecia e nunca mais voltava.

Um dia fizeram-se prometer umas às outras que a próxima que o fizesse - subir à superfície - voltaria, para contar às outras o que tinha acontecido.

Pouco tempo depois, uma dessas larvas sentiu um desejo irresistível de subir à superfície. E assim o fez, rastejando-caminhando pelo caule de um dos lírios-de-água até chegar ao topo. Aí descansou, num sono profundo, numa das pétalas do lírio.

Foi nesse momento que se iniciou uma magnífica transformação.
A larva tornou-se uma linda libélula, com umas coloridas e belas asas.
Lembrou-se então da promessa que tinha feito às suas companheiras.
E voando, de uma margem à outra, procurava chamar a atenção das larvas que se mantinham no fundo. Sem resultado.
Elas não concebiam tal transformação e nem sequer reparavam nela.
Uma outra libélula aproximou-se e disse-lhe: 
"Subiste quando tinhas de subir, a Mãe Natureza chamou-te.
E fizeste-o! Às nossas irmãs irá acontecer o mesmo. Algumas sentirão o chamamento e ascendem, entregando-se ao ciclo Natural da Vida.

Outras pensarão que o término da vida delas acontecerá, no fundo do charco. Mas todas elas ascendem... 

Ao seu tempo, nem antes, nem depois, elas virão.
E com elas trarão o saber, o conhecimento e a resistência... e a capacidade de amar esta nova existência.
Desfruta, irmã, vieste no momento certo! A Mãe Natureza é sábia." 

E partiu... Voando. Pousando num e noutro lírio."


...

trad./adapt. Mário Rui Santos, sobre alegoria publicada em "Cuentos para crecer y curar" de Michel Dufour


Fiquem bem... ou melhor ainda! :)
www.MarioRuiSantos.net
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