"Muito riso, pouco siso." (???)
Alguém à minha frente, enquanto conversavamos, começou a rir às gargalhadas. Mas uma fracção de segundo depois puxou o lábio de cima para baixo, fechou a boca e tapou-a com a mão. Sem se aperceber do que estava a fazer.
Ela fixou o olhar em mim, fazendo uma viagem no tempo, e disse-me: "a minha mãe dizia-me muitas vezes 'muito riso, pouco siso'..."
Pior que esta só mesmo aquela: "as desculpas não se pedem, evitam-se!", ou "um homem não chora", ou "90% ?? mais 10 e tinhas 100%", ou "não se pode confiar nas pessoas...", ou "nunca hás de ser ninguém na vida", ou "não há bela sem senão", ou... outras barbaridades e parvoíces do género.
Aquilo era o medo do outro, a insegurança da mãe, a tensão do pai, a idiotice do professor, a crítica do avô, a estupidez do irmão ou de alguns colegas de escola... que se transformavam em palavras e lhes saíam da boca. Aterrando numa mente de criança que, sem filtros, tudo absorvia como uma espécie de verdade absoluta.
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