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ACEITAR

Que coisa tão difícil!
(artigo publicado na revista Revista Saúde Actual - Jan/Fev 2025)

“Aceitação não significa resignação; significa entender que algo é o que é e que tem que haver uma maneira de passar por isso.”
Michael J. Fox

Esta afirmação é feita com coerência e propriedade.
Michael foi diagnosticado com a doença de Parkinson no início dos anos noventa, ainda jovem e no auge de sua carreira.
Imagino que o impacto deste diagnóstico lhe tenha causado um profundo choque e muito provavelmente terá passado por uma dura depressão reactiva.
Poderia ainda ter ficado numa depressão profunda e nunca mais ter saído dela, desconectando-se do mundo e das pessoas à sua volta,
No entanto continuou a trabalhar ainda por muitos anos, embora a doença o fosse limitando cada vez mais levando-o a retirar-se do seu trabalho como actor em 2020.

Mesmo com a doença, tornou-se um grande activista tendo fundado a Michael J. Fox Foundation, dedicada a financiar pesquisas para a cura da doença de Parkinson.
A sua história inspirou milhões de pessoas em todo o mundo e tornou-se um símbolo de esperança para todos o que têm de lidar com doenças crónicas.
Michael tem sido para muitos o exemplo vivo de um processo de ACEITAÇÃO e SUPERAÇÃO.

No entanto, para o ser humano em geral, esta etapa de ACEITAÇÃO é muito, muito, muito difícil.
Porque será?!

Medo do desconhecido: Aceitar algo faz-nos abrir mão do controlo e daquilo que nos é familiar. O futuro torna-se incerto, e isso pode gerar ansiedade e medo.

Apego: Apegamo-nos a ideias, pessoas, objectos e situações. Quando algo muda ou se perde, a aceitação significa desapegar-se, o que pode ser doloroso.

Perda de identidade: Aceitar novas realidades pode significar mudar a nossa autopercepção. Isso pode causar perturbação, pois a nossa identidade está intimamente ligada à nossa história e às nossas crenças.

Culpa e arrependimento: A aceitação pode estar ligada a sentimentos de culpa ou arrependimento por decisões passadas. Dificultamos a aceitação para evitar o confronto com esses sentimentos, encapsulando aquilo que aconteceu.

Necessidade de controlo: Muitas pessoas procuram ter controlo sobre as suas vidas. Aceitar implica reconhecer que há situações que estão para além do nosso controlo – essa é, só por si, uma realidade especialmente difícil de aceitar.

Pressão social: A sociedade tende a valorizar a positividade e a força. Expressar vulnerabilidade e aceitar situações difíceis pode ser visto como um sinal de fraqueza.

No entanto, e apesar de todas estas resistências e obstáculos, a capacidade de ACEITAÇÃO é algo fundamentalmente importante.
Porquê?
Porque em vez de resistirmos à realidade, podemos direccionar a nossa energia para encontrar soluções e seguir em frente.

Porque irá reduzir a resistência aos acontecimentos e diminuir o sofrimento emocional.

Porque irá permitir-nos aprender melhor com as experiências e tornar-nos mais resilientes.

Porque é fundamental para construir relacionamentos mais saudáveis e duradouros.

Como poderemos trabalhar-nos para facilitar a ACEITAÇÃO?
Reconhecendo e validando os sentimentos e pensamentos em relação à situação.

Sendo mais gentis connosco próprios e lembrar que é normal sentir dor e dificuldades.

Partilhando os sentimentos com pessoas de confiança ou terapeutas preparados para um trabalho emocional.

Ensinando-nos a contemplar, a meditar a encontrar formas activar um estado de paz interior.

Celebrando pequenas vitórias e praticando gratidão.

O que acontece connosco quando aprendemos a ACEITAR?
Talvez a melhor forma de respondermos a esta questão seja lembrarmos alguns exemplos.
Perdas: Aceitar uma perda, como a morte de um ente querido ou o fim de um relacionamento, envolve um processo de luto complexo. A mente passa por várias fases, como negação, raiva, negociação, depressão e, finalmente, ACEITAÇÃO. Nesse processo, a mente tenta dar sentido à perda e encontrar um novo equilíbrio emocional.

Falhas e erros: Aceitar uma falha ou um erro pode ser difícil, mas é fundamental para o crescimento pessoal. A mente pode sentir culpa ou frustração, mas com a ACEITAÇÃO, é possível aprender com a experiência e seguir em frente.

Novas realidades e mudanças: Aceitar uma nova realidade, como uma doença crónica ou uma mudança significativa na vida, exige adaptação e resiliência. A mente pode passar por momentos de negação e resistência, mas abrindo-nos a ACEITAR, com o tempo, é possível encontrar novas formas de lidar com a situação e encontrar um novo significado na vida.

Sentimentos e emoções: Aceitarmos sentimentos ou emoções difíceis, como a tristeza ou a raiva, pode ser desafiador, mas é importante para o bem-estar emocional. Em vez de reprimir esses sentimentos ou emoções, a mente pode aprender a observá-los e aceitá-los como parte da sua experiência humana.

A aceitação é um processo gradual e individual. O tempo que cada pessoa leva para aceitar uma situação varia de acordo com a natureza da perda, a personalidade e o suporte social disponível.

Não devemos pressionar-nos ou obrigar-nos a aceitar cegamente aquilo que temos vindo a rejeitar ou a resistir – é importante darmo-nos tempo e espaço para a reflexão de modo a que nos possamos oferecer essa escolha de ACEITAR.

É também importante reforçar e sublinhar, como defende a afirmação de Michael J.Fox no início deste artigo, que a aceitação não significa desistir ou resignar.

A aceitação permite sim que a pessoa se liberte do sofrimento emocional e direccione toda a sua energia para encontrar novas possibilidades e construir um futuro mais positivo.

Pela minha parte, deixo-lhe aqui uma ajuda Um pequeno mas bem intencionado contributo – espero que o ACEITE.

Assista ao meu webinar “ACEITAR-Um processo” (dur.:1h36m), que realizei há alguns meses sobre este assunto.
Hiperligação: https://youtu.be/dUkVHZuvPHo

Tudo de bom, ou melhor ainda.

Mário Rui Santos
hipnoterapeuta – www.Hipnose.pro
formador da Hypnos/A-GPHM – www.Hipnoterapia.pro
presidente da Associação-Grupo Português de Hipnose e Motivação – www.Hipno.pt
*a pedido do autor, este texto não segue as normas do acordo ortográfico

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