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A minha filha Vitória começou a dizer "Não" e isso pode causar alguma irritação a um adulto que a tenta orientar ou guiar pela vida.
E a mim também me causa às vezes.
(As crianças começam a fazer isto por volta dos dois anos - quando lhes é permitido.)
Para lidar com a minha frustração vou-me lembrando da quantidade de adultos que vou conhecendo que não sabem dizer "Não", que não sabem impor limites.
Respiro fundo e tento reservar a minha intransigência para assuntos mais sérios.
Esta coisa de dizer "Não" é a primeira forma que a criança tem de reconhecer e afirmar que é um indivíduo separado dos pais. É a base para a sua futura autonomia e autoestima.
Ao dizer "Não", ela está a testar os seus limites e a procurar ter algum controlo sobre o seu mundo, o que é essencial para desenvolver a iniciativa e a capacidade de tomar decisões.
Por trás desta pequena rebelde, vai-se construindo uma adulta confiante, que se respeita e que sabe o seu valor.
O meu esforço e paciência valem a pena.

Assim possamos ir todos fazendo isto com as nossas crianças.
Tenhamos nós adultos a paciência e a sabedoria para o fazer.
Esse é o caminho.

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