Avançar para o conteúdo principal

 


Alguns de nós pensam que só podem contar consigo próprios, que estão por sua conta, que ninguém os pode ajudar, que ninguém os compreende...
E até pode ser verdade.
Algumas pessoas, pelas difíceis circunstâncias da sua vida, poderão ter-se isolado socialmente de forma a não conseguirem criar um círculo social de apoio(1),
Por isso, se estiverem doentes, se tiverem problemas financeiros ou outras questões em que uma ajuda seria bem-vinda, não a têm,
Esses, de facto, estão por sua conta. Apesar de, muitas vezes, aparecer uma ajuda inesperada.
No entanto, muitas outras pessoas vão-se colocando nessa difícil situação de isolamento baseados numa "profecia" que muito cedo lançaram sobre si próprios.
Essa "profecia" de "só posso contar comigo", "estou por minha conta", "ninguém me pode ajudar"...
Se por um lado se compreende que na base dessa "profecia" muitas vezes está a constatação daquilo que aquela criança ou jovem sentia na altura, por outro lado o adulto não pode ficar preso a essa respeitável perspectiva. E muitas vezes está.
Assim, essas pessoas que hoje ainda são condicionadas por essa "profecia" de desamparo ou abandono deverão olhar com especial atenção para esse pormenor.
Porque mantendo e cumprindo essa "profecia" elas vão-se fechando à conexão e ao apoio que poderiam ir encontrando no seu caminho.
Trazer esta "profecia" mais à consciência e trabalhá-la pode ser um primeiro e importante passo para uma experiência humana mais conectada socialmente.
. . .
(1)O Círculo Social de Apoio (ou rede de apoio social) refere-se ao conjunto de pessoas e grupos com os quais interagimos e dos quais recebemos diferentes formas de suporte e assistência ao longo da vida.
É uma componente fundamental para o nosso bem-estar emocional, mental e físico.
O círculo social de apoio não é um grupo homogéneo; ele é composto por pessoas com diferentes níveis de proximidade e oferece vários tipos de ajuda.
Pode incluir familiares, amigos, colegas, vizinhos, colegas de trabalho, membros de clubes, grupos de hobby, profissionais de saúde (médicos, psicólogos, terapeutas), professores, líderes religiosos, grupos de apoio comunitário e serviços sociais.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Um caminho para a Luz, apenas um caminho...

Falamos e ouvimos falar tanto da Luz. De uma Luz. Uma Luz que nos ilumina, que nos acompanha, que está dentro de nós. Para alguns essa Luz é Deus, para outros o Universo, a força do Universo, a Energia Universal, o Ki, o Amor, a Paz. A Luz é tanto em nós e quanto mais nos sentimos no seu caminho mais a enriquecemos conceptualmente, tornando-a mais rica e poderosa. Para outros que se sentem distantes deste conceito, admitir a possibilidade de uma Luz, que ilumina e acompanha o seu ser é uma proposta de alienação do seu próprio conhecimento ou auto-construção. É algo que não faz sentido porque os distrai de si mesmos. A estes direi que a Luz de aqui falo-escrevo é também exactamente isso: o seu próprio conhecimento e força de construção. Assim, seja você uma pessoa mais racional ou uma pessoa mais espiritual, a proposta de caminho que aqui lhe deixo é uma proposta pragmática e universal. Que será tanto ou mais espiritual, tanto ou mais racional, conforme o seu próprio sistema de crenças ...
Quando uma relação de amizade, familiar ou amorosa é cortada ou terminada e vemos que a pessoa ou pessoas do outro lado parecem ficar pouco ou nada afectadas com esse distanciamento que fica poderemos sentir-nos bastante magoados. E isso acontece porque o que se observa toca em necessidades humanas profundas de pertencimento, valorização e reciprocidade emocional. Quando vemos que a outra pessoa parece não se afectar com o afastamento, podemos sentir como se a nossa importância fosse diminuída ou até inexistente para ela. O que mais costuma magoar nesse contexto inclui: Sentimento de desvalorização – A ideia de que a relação poderia ter significado pouco para o outro gera dor, pois esperamos que laços que foram importantes para nós também sejam reconhecidos e sentidos por quem os compartilhou. Ferida no ego e na autoestima – Inconscientemente, podemos interpretar a falta de reacção como se houvesse algo "errado" connosco, como se não tivéssemos sido suficientemente bons ou di...
A utilidade da raiva (artigo publicado na revista Saúde Actual - Julho/Agosto 2025) "Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar a minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. A nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo." -         Mahatma Gandhi   A raiva é uma emoção humana primária bastante intensa, geralmente despertada quando sentimos que algo está errado, injusto, é ameaçador ou frustrante. Tem componentes físicos (tensão, aceleração cardíaca) e psicológicos (pensamentos de crítica, desejo de agir) e é uma reação natural que faz parte do nosso sistema de defesa — uma forma do corpo e da mente dizerem: "Algo precisa mudar." E pode ser expressa, reprimida ou canalizada. Normalmente, no meu trabalho como terapeuta agrego à raiva a revolta, a ira, a zanga… como uma espécie de amálgama emocional à qual deveremos dar uma especial atenção para a sua compreensão e ...