2008/08/26
Mário Rui
Santos |
Este é um blog de provocações positivas. Um blog que relembra e questiona o óbvio, o senso comum e as vozes interiores. Um blog que partilha convosco os caminhos, as respostas e as soluções que vou encontrando em mim e nos outros perto de mim. Comentem, discordem, concordem e eu vos responderei, discordando, concordando ou nem por isso. Provavelmente, encontrando novos caminhos, respostas e soluções neste diálogo.
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12 Comments:
Um psicoterapeuta partilhava comigo, há umas semanas atrás, que por vezes era recomendado por alguns especialistas, falar "esquizofrenês" com estas pessoas. Percebi que eu já o fazia há algum tempo, com pessoas que haviam "recebido" diagnósticos de esquizofrenia paranóide, e comunicavamos fluidamente. A determinada altura elas começavam a falar comigo em "normalês".
:)
As grandes questões são:
Como definir o que é ser normal?
A quem compete estipular os requisitos a que deve obedecer o comportamento de uma dita pessoa normal? Quais os limites?
Em que contexto, época, cultura, etc., se adequam esses requisitos?
Não deveriamos ser livres para apenas "SER"?
E se de repente nós "os normais" fossemos rotulados como anormais? Como nos sentiriamos?
Hoje em dia, e cada vez mais, muitos alunos começam cada vez mais cedo a tomar drogas para: "ficarem quietos", "não falarem" diagnosticados de hiperactividade. Eu sempre que posso prefiro dar-lhes uma bola.
Entre os professores a moda é serem bipolares, e tomam drogas para não se rebelarem contra a falta de tempo que têm para se encontrarem todos os dias.
As economias de escala preferem perturbações standardizadas para aplicação medicamentosa devidamente industrializada.
A esta sociedade de consumo não interessa criar indivíduos com identidade forte que questionem paradigmas vigentes, em dinâmicas de construção de felicidade própria.
A esta sociedade interessa ainda rentabilizar modelos obsoletos de felicidade, nem que para isso tenha que se "adormecer" os jovens ou adultos indivíduos.
A 'normalidade' não se define. O segredo para a oposição a essa economia de escala, à sociedade de consumo ou a esses modelos obsoletos de felicidade, é a tolerância para com os paradigmas de cada um. Sendo que é primordial que cada pessoa os defina por si próprio, e não pelas injecções ou rótulos que a sociedade lhe vende. Aceitar estes, e tantos outros, rótulos, é negarmo-nos a nós próprios, rejeitar a nossa capacidade de pensar e abdicar do nosso bem-estar.
Abraço
"Os que dançam são julgados loucos por aqueles que não conseguem ouvir a música."
Angela Monet
Gostei do velhote, da expressão, postura e do discurso. Totalmente convicto e serio mas com sentido de humor. Quando for mais velha quero ser assim :)
:) sim, quando for mais velho também quero ter esta juventude de espírito
Alguns grupos de auto-ajuda para familiares de pessoas aditas a substâncias (álcool, droga, etc) dizem que estão também doentes devido ao seu relacionamento com o seu familiar adito. Dizem que é uma doença de relacionamento, porque afecta os familiares que se preocupam com a pessoa que tem esse vício. Com este vídeo fiquei um pouco confuso. Estas pessoas são ou não doentes?? ou depende da interpretação que se dá a esse termo??
"we see things not as they are, but as we are"
Anónimo
Porto :)
O termo doença é um termo cada vez mais difundido, usado por quem diagnostica, apropriado por quem é diagnosticado.
Para o bem e para o mal é o termo que se usa. No entanto há um efeito pernicioso e extremo na sua utilização, muitos doentes tendem a resignar-se à doença sem a lutar ou trabalhar filosófica ou emocionalmente. Um trabalho que poderia e deveria ser feito a acompanhar qualquer eventual e necessária medicação.
É a esse termo "doença" que Szasz se refere, um termo inflaccionado e que a muitos interesses convém por desresponsabilizar o indivíduo do seu próprio poder e encaminhá-lo para uma dependência material e química. É a essa "doença" que Szasz se refere...
Antes de mais o que se diz no video nada tem a ver com a esquizofrenia. Há sessenta anos já havia esquizofrénicos e não é possível, se já viram algum surto psicótico, acreditar que aquele estado possa ser normal ou ser apenas um desvio do normal. São doenças reais, que existem e continuarão a existir na sociedade porque, apesar de tratamento na crise e de manutenção, há sempre a possibilidade de um novo surto. Claro que há 60 anos havia menos doenças mentais! A esperança de vida também era muito inferior e nem antibióticos havia. Os tempos passam e mudam e tudo evolui, bem como o conhecimento médico e científico. Quanto ao video, seguramente que o Szasz viu crianças hiperactivas. Digam aos pais destas crianças que elas são normais! que os deixem ser como são! Uma vez numa consulta de pediatria tive um miudo assim e acreditem que não ficou nada por mexer no gabinete! Existe actualmente e já consagrado no DSM-IV o défice de atenção e hiperactividade no adulto. Se não é doença porque melhora com a medicação? Ou será que devemos é começar a tomar estimulantes para sermos assim porque, pelos vistos, se eles também são normais, porque não sermos como eles?
Zi, dá para ver que está emocionalmente envolvida mas também completamente iludida - desculpe a franqueza.
Tudo o que é dito tem a ver com a dita "doença" e os "surtos psicóticos" fruto de uma constante repressão e incompreensão.
Não ajudando as pessoas com estratégias cognitivas de adaptação elas vão reprimindo, acumulando, até que...
Quanto à evolução do conhecimento médico e científico...
Por um lado evolui, por outro involui - para que se rentabilizem medicamentos.
No seu gabinete não conseguiu "controlar" uma criança "hiper-activa" - talvez possa aprender um dia a fazê-lo, sem químicos.
É possível, sabe?
DSM?
DSM=Falácia pseudo-científica.
A doença não melhora com a medicação - os sintomas são mascarados.
Mas é mesmo preciso estar a lembrar isto tudo a uma médica?
:(
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