No momento em que eu encostava o carro à berma para desfrutar da vista no alto da Serra da Pescaria, o Arménio cruzou-se comigo.
Direitinho na sua mota saíu da estrada e foi engolido pelas carrasqueiras.
(Arbustos violentos pela quantidade de picos que possuem).
Mas ia ele tão direito, tão direito na sua mota, que pensei que ele tinha um caminho alternativo à estrada.
Apenas quando o vi aflito a tentar sair dos arbustos é que percebi que ele não estava bem.
Saí do carro, fui a correr na direcção dele.
Dizia ele: “Passou-me uma coisa pela vista. Vou só descansar um pouco que isto já passa.
Ando a tomar muitos medicamentos…
Sou diabético. Devo ter que pôr uma pilha no coração…
O Jaquim Alberto pôs uma e agora anda bem…”
E lá deitámos o Arménio no chão, com os seus 63 anos de vida, enquanto chamavamos a ambulância.
Foi nessa altura que os olhos do Arménio ficaram muito quietos. A olhar para o céu.
Enquanto a respiração parecia ter parado.
“ARMÉNIO! ARMÉNIO!” gritava eu, enquanto estalava os dedos e lhe dava umas palmadinhas na cara.
“Fale comigo, Arménio!”
E durante alguns segundos o Arménio continuou a olhar para o céu. Quieto.
Acredito eu que nesse momento alguém lhe sussurrou ao ouvido: “Ainda não, Arménio. Ainda não é a tua hora…”
E o Arménio tossiu. E olhou para mim em vez de olhar para o céu.
Foi assim.
O dia em que o Arménio não morreu, enquanto eu passava na Serra da Pescaria.
Direitinho na sua mota saíu da estrada e foi engolido pelas carrasqueiras.
(Arbustos violentos pela quantidade de picos que possuem).
Mas ia ele tão direito, tão direito na sua mota, que pensei que ele tinha um caminho alternativo à estrada.
Apenas quando o vi aflito a tentar sair dos arbustos é que percebi que ele não estava bem.
Saí do carro, fui a correr na direcção dele.
Dizia ele: “Passou-me uma coisa pela vista. Vou só descansar um pouco que isto já passa.
Ando a tomar muitos medicamentos…
Sou diabético. Devo ter que pôr uma pilha no coração…
O Jaquim Alberto pôs uma e agora anda bem…”
E lá deitámos o Arménio no chão, com os seus 63 anos de vida, enquanto chamavamos a ambulância.
Foi nessa altura que os olhos do Arménio ficaram muito quietos. A olhar para o céu.
Enquanto a respiração parecia ter parado.
“ARMÉNIO! ARMÉNIO!” gritava eu, enquanto estalava os dedos e lhe dava umas palmadinhas na cara.
“Fale comigo, Arménio!”
E durante alguns segundos o Arménio continuou a olhar para o céu. Quieto.
Acredito eu que nesse momento alguém lhe sussurrou ao ouvido: “Ainda não, Arménio. Ainda não é a tua hora…”
E o Arménio tossiu. E olhou para mim em vez de olhar para o céu.
Foi assim.
O dia em que o Arménio não morreu, enquanto eu passava na Serra da Pescaria.
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