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Porque sim...

Porque sim e mais nada.
Sim, há coisas que não carecem de justificação ou explicação, a não ser que se queira investir no esclarecimento da pessoa que nos pergunta porquê. Se uma criança ou um jovem, ou até mesmo um jovem adulto, me pergunta porque é que eu faço ou digo algo, sinto-me no papel de lhe mostrar/propor um caminho.
Com um adulto a minha resposta será diferente. A explicação desse meu pensamento ou comportamento pode ser algo como: queres mesmo saber? olha que podes não gostar do que vais ouvir...
- Mas porque é que eu não gostaria de ouvir a tua explicação?
- Porque já há muitos anos que pensas dessa forma, e ninguém gosta de se sentir enganado. Irás preferir contrariar-me, talvez até agredir-me, em vez de reflectires numa proposta que te sugere engano ou decepção.
- Deves pensar que tens razão em tudo...
- Não, não penso. Só penso que tenho uma razão diferente da tua.

Comentários

barbosa disse…
Então caríssimo, isto é que é a famosa não-dualidade?
Unknown disse…
Pensar que o outro nos responderá invariavelmente assim, poderá parecer uma 'subestimação' da capacidade que o outro eventualmente terá de reflectir, reenquadrar e mudar. As propostas, desde que entendidas para o bem-estar do individuo, devem sempre ser feitas. Porque existem na verdade muitas razões ;)
Beijo doce...
rosa disse…
Eu não concordo com o “porque sim”. É verdade que algumas pessoas possam não estar abertas a ouvir a nossa razão, mas se estão a questionar é porque há minimamente uma dúvida. Uma resposta nossa, por muito diferente que possa ser da realidade dessa pessoa, pode ser significativo mas no mínimo é só mais uma informação para ela ter em conta. A pessoa pode fazer com ela o que bem entender.
Acho que o “porque sim” é um refugio. Será que temos mesmo tanta certeza, ou temos medo que a nossa justificação nem nos convence a nós próprios?
Então e se tivermos tão boas e fundamentadas razões mas pura e simplesmente escolhermos que queremos aplicar a nossa energia noutro sentido? Por exemplo: criar, construir algo. Em vez de explicarmos algo que para nós já é solidamente óbvio. Teremos mesmo de continuar a sentir-nos na obrigação de explicar o "porquê" ou podemos exercer esta nossa capacidade explicativa ou de partilha como uma escolha?
E sim, Barbosa, parece-me que esta é uma face possível da não-dualidade: duas pessoas que discordam terem ambas razão.

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