2007/05/21

A inteligência e a estupidez das verdades absolutas


Aquilo que a uma pessoa faz o mais completo sentido, a mim pode soar-me como a maior estupidez (e vice-versa, claro). E dou-vos um exemplo: alguém me dizia há uns dias que a liderança envolve solidão (provavelmente a solidão do topo - entendi eu). Sorri, porque me pareceu tão ou mais estúpido do que me parece agora. Mas percebi que aquelas palavras saíam daquela boca não como resultado de um acto de reflexão e processamento pessoal, mas como uma reprodução integral do que essa pessoa teria lido algures.
E é impressionante como nós muitas vezes temos esta tendência natural mais a reproduzir do que a processar. O que este indivíduo se esqueceu, como eu também por vezes me esqueço, foi de se lembrar que há tantos formatos de liderança como líderes neste mundo. E o facto de existir uma tendência para que alguns líderes fiquem "sós" no exercício dessa liderança, não implica que outros com muito mais arte exerçam essa liderança de uma forma mais colaborativa e - provavelmente, em muitos casos - até mesmo mais eficaz.
É a velha história dos formatos e de dizermos que felicidade é isto, amor é aquilo, sucesso é aqueloutro, liderança é assado, eficácia é cozido, etc. etc.
É importante, sim é importante, termos referências, aproximações, formatos mas...as melhores verdades absolutas são aquelas que construimos e nos fazem sentido. E por vezes até mesmo algumas dessas verdades absolutas se alteram, evoluem no tempo.

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"O homem pode acreditar no limite ideal do conhecimento que é aproximado pela mente humana. Ele pode chamar a este limite ideal o objectivo verdade."
Albert Einstein (in "The Evolution of Physics" (1938) co-autoria com Leopold Infeld)

6 Comments:

Blogger Unknown said...

Quando as pessoas são cada vez mais dependentes dos padrões impostos pela televisão onde os morangos dizem aos putos o que se deve vestir e aos pais os buracos que podem deixar os filhos, ainda que com 12 anos de idade, fazer na cara, porque assim a malta é que é fixe tás a ver ó minha, e os teus pais é que são caretas...

Depois são os grupos de estilo próprio, o grupo, que o indivíduo sente-se melhor se pertencer a um grupo, ainda que se venda, não interessa pensar, interessa dizer a coisa certa, que é aquela que cala o outro e o faz pensar que é muita esperto, percebes, ó queres que te faça um desenho...

Anda assim a nossa cultura de valores...

terça-feira, maio 22, 2007 12:56:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

santiagonão é que eu perceba muito de liderança, mas lá vou aprendendo com a vida...o lider é aquele que pela sua experiência na matéria, ou pela sua posição de 'iniciador' pega num barquito (que construiu) e põe-se a navegar. Sendo as marés e os ventos favoráveis, o barquito transforma-se em veleiro para fazer face à velocidade imprimida e à carga que vai recolhendo. Um veleiro já precisa de mais mãos para caçar e mudar as velas.
De veleiro cresce para cruzeiro e aí as mãos têm que ser muitas mais, porque já há uma sala de máquinas, limpezas de convés, centro de comunicações, radares....e como se gere esta malta toda?
Liderar é comunicar, ouvir, gerir com justiça, estabelecer limites (ou ensiná-los a quem não os conhece), respeitar cada elemento da tripulação sem no entanto pôr em causa o percurso estabelecido inicialmente. É estar perto de cada um e ao mesmo tempo estar longe para não perder a visão do todo. É aceitar que todos metemos 'argoladas' e certas argoladas podemos aceitar e que outras não. É perceber que temos às vezes que deixar um elemento sair....e tanta outra coisa.

mas é essencialmente não esquecer nunca o amor e o entusiasmo que o motivou a iniciar essa viagem; é relembrar muitas vezes o dia em que começou a construir o 1º barco.

mas a solidão existe sempre. Faz parte da condição humana, seja na posição de liderança ou noutra qualquer...é nossa a escolha de como queremos viver esse ou outro papel na nossa vida, sózinhos ou acompanhados. Mas há sempre um momento em que ficamos a sós connosco próprios. Desagradável? não :) é um momento único de intimidade com o nosso verdadeiro eu.

e desculpa lá que me farto de escrever e ocupo-te o blog todo ;)

terça-feira, maio 22, 2007 1:55:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

também já tive oportunidade de te dizer pessoalmente que isto dos formatos é uma treta que nos é imposta pelas economias de escala que querem impor formas de pensar e de sentir - mas esta é a minha veia anarca, deixa lá - grande abraço e ainda bem que existe a internet
ps.: adorei esta do Quino :) no post anterior

terça-feira, maio 22, 2007 10:14:00 da manhã  
Blogger Paula NoGuerra said...

É realmente a questão das pessoas já não pensarem por si e aceitaram os ditos dos outros como certos...
A falta de pensamento próprio escapa a muita gente... e até é pena pois todos temos grandes capacidades...
Bjs***

terça-feira, maio 22, 2007 2:47:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Todos nós temos paradigmas… e assumimos que os outros automaticamente têm a mesma interpretação que nós (mesmo em coisas que achamos ser simples), o que na maioria das vezes, não é verdade! Isto está na origem de 90% dos conflitos de toda a natureza. Temos que aprender ser menos “prepotentes” na nossa convicção de que todos nos entendem, e procurar mais ser entendidos. Faz parte da responsabilidade de quem quer ser entendido ;)

terça-feira, maio 22, 2007 4:18:00 da tarde  
Blogger Mário Rui Santos said...

ainda bem que pensamos todos de forma diferente em relação a estas formas de pensarmos todos iguais ;)

terça-feira, maio 22, 2007 4:33:00 da tarde  

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