15 de Janeiro de 2007
Cheguei com quase três horas de antecedência ao aeroporto. Nesta viagem já me tinham acontecido situações demais para resolver, e desta vez optei por jogar seguro - por isso fui com uma exagerada antecedência para o aeroporto. Queria estar calmo, descontraído.
16h15m - Aeroporto de Heathrow (Londres)
Cheguei com quase três horas de antecedência ao aeroporto. Nesta viagem já me tinham acontecido situações demais para resolver, e desta vez optei por jogar seguro - por isso fui com uma exagerada antecedência para o aeroporto. Queria estar calmo, descontraído.
Apanhei o metro de Londres e saí da estação, iniciando um caminho quase labiríntico de corredores até ao terminal de onde o meu vôo iria partir. Em alguns desses longos corredores, para que as deslocações das pessoas se façam de uma forma mais rápida, instalaram corredores rolantes. E sempre que podia, colocava-me numa dessas fantásticas invenções para acelerar a minha velocidade de deslocação.
Foi num cruzamento de corredores que avistei aquele avô, parado numa parte não rolante dos corredores. Com um ar completamente perdido, segurando uma criança que aparentava ter pouco mais de três anos.
Este avô tinha os traços de um guerreiro mongol, reformado, perdido no meio da civilização. No meio de um cruzamento de corredores rolantes carregados de pessoas que olhavam para ele, inertes.
Percebi, pela interpelação que ele fazia pelas raras pessoas que passavam a pé que ele precisava de ajuda. Ajuda para encontrar o autocarro para Londres: "Bazz, Londón", dizia ele. Ao que os poucos que passavam respondiam: "Sorry, mate !", num claro despacho de não envolvimento.
O meu corredor continuava a rolar. E entre mim e aquele homem com aquela criança existia um corrimão metálico. Um corrimão que senti vontade de saltar para o ir ajudar. Mas o corredor continuava a rolar. E eu continuava a olhar para eles, hesitante.
Comecei a tranquilizar-me pensando que alguém iria parar e ajudá-los. E eles foram ficando para trás.
Alguns dias depois, ainda me lembro desse momento, desses segundos. E olho para ele como um momento de falta de coragem para fazer o bem, mas acima de tudo olho para ele como mais uma lição. A lição de que por vezes para ajudar os outros precisamos de sair do nosso corredor rolante, saltar o corrimão e oferecer a nossa ajuda.
A seguir, continuaremos o nosso caminho.
Comentários
raquel
bigados
Xi
Umas vezes são corrimões, outras vezes continentes,outras vezes espaços muito longínquos.Mas a magia desse apelo interior,do coração, que se expande para o outro,confiando que nada se perde no Universo,faz mover a força da rede que nos liga.
(é saudável passear neste blog.obbrigada MR)