2008/01/30

"O ladrão de bolachas"


Uma mulher estava à espera num aeroporto certa noite, com várias horas pela frente antes do seu vôo. Procurou um livro numa loja do aeroporto e comprou um pacote de bolachas, sentando-se finalmente.

A mulher estava mergulhada no seu livro, mas aconteceu ver que o homem sentado ao seu lado, de físico imponente, pegou numa ou duas das bolachas do pacote no meio de ambos. Situação que ela tentou ignorar para evitar uma cena.
Assim, ela tirou uma bolacha e olhou para o relógio à medida que o corajoso ladrão de bolachas diminuía o seu stock.
Ela foi ficando mais irritada a cada minuto que passava pensava, "Se não fosse tão boa pessoa, punha-lhe um olho negro".

Por cada bolacha que ela tirava, ele tirava outra quando finalmente só restava uma, ela perguntou-se o que faria ele.
Com um sorriso na cara e um riso nervoso, ele tirou a última bolacha, partiu-a ao meio e ofereceu-lhe metade ao mesmo tempo que comia a outra.
Ela arrancou-a da sua mão, e pensou... ooh caramba!
Este tipo tem cá uma lata e além disso é rude. Porque é que não mostrou ao menos alguma gratidão ?
Não se lembrava de alguma vez ter sido tão ultrajada, suspirou de alívio quando a chamaram para o seu vôo.
Pegou nas suas coisas e foi direita à sua porta de embarque, evitando olhar para trás para o ladrão ingrato.

Entrou no avião e sentou-se no seu lugar. Então, procurando o seu livro, quase no fim, quando mexia na sua bagagem, parou com surpresa.
Ali estava o seu pacote de bolachas, intacto, à frente dos seus olhos.
Se o meu está aqui, murmurou em desespero, o outro era dele, e ele tentou partilhar.
Demasiado tarde para pedir desculpa, percebeu ela angustiada, que a rude era ela, a ingrata, a ladra...

(autor desconhecido - obrigado ao Bruno e ao Quiet Joseph)

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4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Penso que esta senhora viveu aquilo que sentimos muitas vezes e para as quais fomos sendo muitas vezes condicionados: confirmar o negativo.
A sua matriz naquele momento considerava apenas a possibilidade de alguém a agredir, roubando-a. Sem sequer ponderar/pensar que o homem que fazia aquilo provavelmente teria uma razão para o fazer.
A primeira resposta foi de confirmação de agressão.
É para isto que somos condicionados, é a isto que temos de reagir e inverter.

quarta-feira, janeiro 30, 2008 10:54:00 da manhã  
Blogger Paula noguerra said...

Esquecemos que muitas vezes as pessoas partilham connosco o que têm de mais valioso, do qual pensamos ter como adquirido...
Um texto a reler muitas vezes....
LINDO LINDO***

quarta-feira, janeiro 30, 2008 1:38:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Quando nos surgem situações como esta, devemos agir, ter uma atitude assertiva. Neste caso dizer o que pensava seria o sensato, ter-se-ia apercebido do engano e se eventualmente as bolachas até fossem da senhora e a justificação que o senhor lhe desse não fosse por ela aceite, bastaria simplesmente dizê-lo. Certamente, em ambos os casos ela não teria ficado com a sensação de desconforto com que ficou.

Agora, extrapolemos esta pequena história para as nossas vidas e tentemos agir sempre conscientes dos nossos direitos e deveres... o que nem sempre é fácil porque existem sempre perspectivas diferentes!

quarta-feira, janeiro 30, 2008 2:28:00 da tarde  
Blogger Mário Rui Santos said...

Quantas vezes me enganei eu no pacote de bolachas, a pensar que estava a tirar do meu e afinal estava a tirar de alguém bem tolerante.
Concordo contigo Diana, quantas vezes a assertividade nos pouparia tantos neurónios queimados com estes dilemas interiores :)

quinta-feira, janeiro 31, 2008 11:45:00 da manhã  

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