"Alice nunca soube, quando pensou mais tarde, como é que isso tinha começado: tudo o que ela se lembrou é que as duas estavam a correr de mãos dadas, e a Rainha era tão veloz que tudo que ela podia fazer era tentar acompanhá-la.
Mesmo assim, a Rainha não se cansava de gritar “Mais depressa! Mais depressa!” Alice não podia ir mais depressa, embora mal tivesse fôlego para dizê-lo.
O mais curioso é que as árvores e tudo o mais à volta não pareciam mudar em nada: por mais velozes que fossem, elas pareciam não sair do lugar.
(...) E a Rainha continuava a gritar “Mais depressa! Mais depressa!”, arrastando-a com força.(...) E iam tão velozes que finalmente pareciam deslizar pelos ares, quase sem tocar o solo com os pés, até que de súbito, exactamente quando Alice parecia morrer de cansaço,elas pararam.(...)
A Rainha recostou-a numa árvore e disse gentilmente: — Podes descansar um pouco agora.
Alice olhou em volta de si muito surpreendida. — Ora, essa, acho que ficamos sob essa árvore o tempo todo! Está tudo igualzinho!
— Claro que está - disse a Rainha. — O que é que esperavas?
— Na nossa terra - explicou Alice, ainda ofegante - geralmente chega-se a outro lugar, quando se corre muito depressa e durante muito tempo, como fizemos agora.
— Que terra mais vagarosa! - comentou a Rainha. — Pois bem, aqui, veja, tem de se correr o mais depressa que se puder, quando se quer ficar no mesmo lugar. Se se quiser ir a um lugar diferente, tem de se correr pelo menos duas vezes mais depressa do que agora.(...)”.
"Alice no País das Maravilhas"
Lewis Carrol
(imagem: autor desconhecido)
Comentários