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O trabalho do prazer


A rotina das nossas vidas parece por vezes querer engolir-nos. Manter-nos numa zona de pseudo-conforto onde já sabemos o que vamos fazer a seguir e no que nos vamos mantendo a fazer.

Sentimo-nos aparentemente confortáveis nessas nossas zonas de vida. E as horas e os dias e as semanas passam. Esperando que momentos de quebra de monotonia, incidentes de alegria ou situações de felicidade nos surjam e nos empurrem para esses minutos ou horas de prazer inevitável.

E quando um amigo nos liga para irmos almoçar com ele, ou quando alguém nos pergunta se já vimos aquele filme que tanto queremos ver, dizemos que não temos ou tivemos tempo. Ou quando chegamos à 6ª feira de uma semana e olhamos para trás e vemos como, provavelmente, muito pouco fizemos de coisas que nos dão prazer.

O prazer é uma coisa séria. Dá trabalho tê-lo. É trabalhoso respeitar os nossos tempos de prazer. É verdade...

Dá trabalho irmos almoçar com um amigo, visitá-lo, ir ao cinema, passear com os filhos, com os sobrinhos, com os pais, com os tios, dá trabalho ir passear na praia, apanhar sol na cara, dá trabalho ficar na esplanada a observar a multidão, dá trabalho telefonar ao tio que está doente e saber como ele está e dar-lhe o ânimo que conseguirmos e pudermos dar, dá trabalho sair à noite de casa depois de jantar e dar uma volta pela zona onde vivemos e respirar o ar da noite, dá trabalho ir ver o brilho da lua, dá trabalho visitar a família e os amigos, dá trabalho...

Mas sempre que nos damos ao trabalho do prazer esquecemo-nos do trabalho que nos deu termos aquele prazer. E vemos que só dá trabalho iniciar o prazer, até que ele ganha vida própria, nos abraça e leva com ele.

Comentários

Elisheba disse…
250% de acordo!!!È engraçado que ainda hoje salvei como rascunho um artigo (post) para publicar acerca disso mesmo (penso que andamos em sintonia:D)....QUAL O USO QUE DAMOS AO NOSSO TEMPO? ESTAMOS A FICAR DEMASIADO COMODISTAS????
Maria Carvalho disse…
Não dá trabalho oferecermo-nos momentos de prazer. Beijos.
É verdade Paula que não dá trabalho oferecermo-nos - mas talvez dê trabalho criarmos...
Anónimo disse…
Olha que este teu post consituiu para mim uma chamada de atenção. eu sou tão comodamente desnaturado em relação aos meus amigos, que, às vezes, acho que é um milagre eles ainda me falarem... Mas vou redimir-me, prometo :) Abraço!
Anónimo disse…
Sem dúvida que vivemos a era do comodismo e do "mal agradecidismo" e de tal forma acentuado que por vezes as pessoas nem se dão ao trabalho de apenas aceitar o que lhe temos para dar de mão beijada...preferem arranjar desculpas esfarrapadas para não sairem do sofá e descalçarem as pantufas.
Se odiassem a rotina como eu, seguramente que o cansaço as traría à realidade de que a vida é para ser vivida em plenitude,e abraçada dia a dia de uma forma diferente,sem perder pitada de prazer. A vida é hoje, já que sobre amanhã nada sabemos!!!!
Anónimo disse…
Na maior parte das vezes estamos tão "ocupados" com a rotina do dia a dia que nos esquecemos do mais importante: NÓS MESMOS!!!
Temos de mudar... deveriamos perceber que somos os reis e rainhas dos nossos mundos do qual nos dá o direito de nos tratar-mos como tal não?
Eu sou a rainha do meu mundo e mereço!
TU TB!!!

Um beijão do tamanho do universo!

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