Hayan tinha acordado naquela manhã com uma vontade imensa de pintar. Nunca tinha pintado na sua vida, apenas os desenhos que era obrigada a fazer na escola aos quais não achava muita graça, embora todos a elogiassem sempre que o fazia.
Por isso nem sequer tinha ponderado algum dia pintar um quadro. Mas naquela manhã algo se tinha iniciado de forma diferente.
Saíu do seu quarto e quase a correr dirigiu-se ao sotão, onde ela sabia existir material de pintura do seu avô.
Era um sotão de luz e apesar de ser pouco visitado, era de alguma forma acolhedor, apesar das caixas de arrumações que se amontoavam.
Assim, Hayan montou o cavalete, escolheu cores, pincéis e uma tela, colocando-se num sítio bem iluminado do sotão.
Durante alguns segundos olhou para a tela em branco, como que aguardando algo que não sabia bem o que era. Até que ouviu passos atrás de si, e viu a sua mãe entrar sorridente olhando para ela.
- Que pintas Hayan ? - perguntou-lhe a mãe.
Hayan continuava a olhar para a tela em branco, agora com os pincéis nas mãos e as tintas num pequeno banco a seu lado. Sorriu para a mãe em silêncio.
- Estás a pensar tornar-te uma pintora ?
Hayan continuava em silêncio.
- Vais pintar mais quadros ? E este onde vais pô-lo ? No teu quarto ? Queres que eu encontre um sítio na parede da sala para o colocarmos ?
Hayan sorria em silêncio, esperando.
- Já pensaste que moldura queres colocar nessa tua obra ? - continuava a mãe.
Em silêncio, Hayan virou o rosto e olhou a sua mãe nos olhos.
E olhos nos olhos disse: - Não sei, mãe. Não sei de nada disso. Nem sequer pensei nisso. A única coisa que sei e que sinto é que hoje me apeteceu vir aqui pintar este quadro. Um quadro de nós as duas a falarmos uma com a outra. A falarmos enquanto eu pintava este quadro de nós duas. Apenas pensei nisso, neste momento.
Nesse momento, a mãe colocou-se atrás dela tocando-lhe nos ombros, e com um beijo na cabeça de Hayan ficou com ela a olhar para a tela em branco. Foi quando Hayan colocou as primeiras cores naquela tela.
in "O Livro das Virtudes Construídas" - Mário Rui Santos
(imagem de René Magritte)
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"O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente."
Mahatma Ghandi (Mohandas Karamchand Gandhi)
Por isso nem sequer tinha ponderado algum dia pintar um quadro. Mas naquela manhã algo se tinha iniciado de forma diferente.
Saíu do seu quarto e quase a correr dirigiu-se ao sotão, onde ela sabia existir material de pintura do seu avô.
Era um sotão de luz e apesar de ser pouco visitado, era de alguma forma acolhedor, apesar das caixas de arrumações que se amontoavam.
Assim, Hayan montou o cavalete, escolheu cores, pincéis e uma tela, colocando-se num sítio bem iluminado do sotão.
Durante alguns segundos olhou para a tela em branco, como que aguardando algo que não sabia bem o que era. Até que ouviu passos atrás de si, e viu a sua mãe entrar sorridente olhando para ela.
- Que pintas Hayan ? - perguntou-lhe a mãe.
Hayan continuava a olhar para a tela em branco, agora com os pincéis nas mãos e as tintas num pequeno banco a seu lado. Sorriu para a mãe em silêncio.
- Estás a pensar tornar-te uma pintora ?
Hayan continuava em silêncio.
- Vais pintar mais quadros ? E este onde vais pô-lo ? No teu quarto ? Queres que eu encontre um sítio na parede da sala para o colocarmos ?
Hayan sorria em silêncio, esperando.
- Já pensaste que moldura queres colocar nessa tua obra ? - continuava a mãe.
Em silêncio, Hayan virou o rosto e olhou a sua mãe nos olhos.
E olhos nos olhos disse: - Não sei, mãe. Não sei de nada disso. Nem sequer pensei nisso. A única coisa que sei e que sinto é que hoje me apeteceu vir aqui pintar este quadro. Um quadro de nós as duas a falarmos uma com a outra. A falarmos enquanto eu pintava este quadro de nós duas. Apenas pensei nisso, neste momento.
Nesse momento, a mãe colocou-se atrás dela tocando-lhe nos ombros, e com um beijo na cabeça de Hayan ficou com ela a olhar para a tela em branco. Foi quando Hayan colocou as primeiras cores naquela tela.
in "O Livro das Virtudes Construídas" - Mário Rui Santos
(imagem de René Magritte)
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"O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente."
Mahatma Ghandi (Mohandas Karamchand Gandhi)
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Comentários
Abraço
XI
Um sorriso para ti amigo***
Lembras-te da história da cigarra e da formiga Mário Rui ?