O castigo é uma palavra forte, carregada de violência e sempre ligada a uma outra tão ou mais forte e violenta: a culpa. São palavras que por serem tão violentas, escuras, associam-se a perspectivas curtas e limitadas.
Impedem-nos por vezes de olharmos para uma paisagem mais vasta, porque estamos concentrados numa pedra cinzenta e pouco interessante. Esquecemo-nos do resto...
Deixar que aquela pedra passe a fazer parte da paisagem, reperspectivando-a, aceitando-a na sua insignificância é como perdoá-la. E se num primeiro momento sentimo-nos impelidos a destruir aquela pedra, a atirá-la para bem longe, a extingui-la...é natural. Mas ainda mais natural e inteligente será deixá-la ficar, insignificante, e utilizar aquela energia impulsiva inicial de uma forma ainda mais interessante e construtiva.
A energia da destruição, da extinção, da expulsão em algo ainda mais forte, mais positivo. Algo como a energia da construção, da criação, da atracção do bem.
E se mesmo assim ainda pensarmos em castigo, pensemos para nosso conforto inicial que de facto esse será o castigo máximo. O castigo imposto por nós será o aceitarmos, o relativizarmos, o compreendermos e reduzir à sua máxima insignificância.
O castigo máximo imposto por nós será o perdoarmos.
(pintura de Lia Ribeiro do Valle)
Comentários
Cobrar? Cobrar a quem? Cobrar o quê? A unica pessoa a quem devemos cobrar seja o que for ùe a nós mesmos para tantarmos entender quem realmente somos e porquê que tomamos certas e determindas atitudes.
Castigo? a era da pedra já lá vai...